Em 1980, François Mitterrand lança como solução «nem SS-20, nem Perching II», isto é, que, se a União Soviética desmantelasse os seus mísseis SS-20, não seriam instalados mísseis americanos na Europa. Posteriormente, o Presidente Ronald Reagan formulou idêntica proposta, conhecida por «Opção O», sendo claro que estas propostas conduziriam ao anterior equilíbrio europeu, isto é, antes da instalação dos SS-20 pela União Soviética.

Mas como a URSS recusou liminarmente essas propostas, Mitterrand diria, algum tempo depois, que a estratégia soviética é muito clara e resume-se a isto: «no Ocidente, o pacifismo, no Leste, os mísseis».

E, com efeito, é no prolongamento dessa estratégia, lucidamente denunciada por Mitterrand e outros diligentes político-democráticos, que o Movimento para a Paz, que em Portugal assumiu o nome de Conselho Português para a Paz e Cooperaçâo, que nunca denunciou a instalação de mísseis SS-20 ao ritmo de um por cada 5 dias, desde 1977, surge i mediatamente após a dupla decisão da NATO de Dezembro de 1979 insurgindo-se contra a futura instalação de mísseis tácitos americanos na Europa, considerando-a uma nova corrida aos armamentos.

Eis que na gigantesca campanha de desinformação, sobretudo conduzida pelo chamado Movimento para a Paz, os fautores de guerra não são quem primeiro apontou os novos mísseis sobre os povos da Europa democrática, mas antes aqueles que hoje pretendem repor o equilíbrio que permita a esses povos tomar decisões sem que a União Soviética tenha o direito de veto.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Sim, porque a Comunidade Europeia e os povos do Terceiro Mundo são os únicos que nada têm a perder, antes pelo contrário, com o desarmamento geral. O que a Europa não pode aceitar é o desarmamento unilateral das democracias ou a manutenção de um desequilíbrio de forças que comprometa definitivamente um projecto europeu reduzindo-o a uma farsa humilhante.

De facto a manutenção do actual desequilíbrio não deixaria de conduzir, de uma maneira ou de outra, a uma repetição do claudicar de Munique das democracias diante do totalitarismo, cujas trágicas consequências ainda estão bem vivas na memória dos povos europeus.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

odicidade, passando de situações de grande vitalidade para situações de eclipse total. Esta periodicidade não é fortuita, mas antes obedece claramente a uma táctica predeterminada. Assim, só para falarmos da sua história mais recente, vimo-lo muito activo durante a Guerra do Vietname, mas muito calado durante a invasão da Checoslováquia, do Afeganistão e do Cambodja.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Da mesma forma que hoje o vemos muito activo contra a instalação de mísseis na Europa, enquanto esteve silencioso durante os 3 primeiros anos de instalação de euromísseis soviéticos.

De facto, o seu dinamismo ocorre durante os períodos de consolidação das posições entretanto conquistadas pela União Soviética, enquanto, naturalmente, está silencioso nas fases de expansão territorial ou militar da União Soviética, porque é claro, nessa altura não é conveniente falar de pacifismo.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Deixou a Albânia para vir para a NATO!

O Orador: - Estas características do Movimento Para a Paz não nos devem surpreender se tivermos em conta que, em boa doutrina leninista, paz e guerra não são valores em si mesmo que se possam referir ao bem e ao mal, mas antes categorias históricas que devem ser consideradas dialeticamente em função exclusiva das exigências do avanço comunista.

Ao inserir-se, no essencial, nesta estratégia, o Movimento para a Paz começa a criar uma doutrina que visa não só o desarmamento unilateral das democracias mas, sobretudo, a preversão do essencial dos seus valores morais e culturais.

Orwel, que será possivelmente o escritor que melhor soube caracterizar o essencial da propaganda soviética, dizia que esta se podia resumir a 3 pontos:

Para eles:

A guerra é a paz;

A mentira é a verdade;

A escravidão é a liberdade.

Para nós, democratas:

A paz é o contrário da guerra;

A verdade é o contrário da mentira;

E, sobretudo, a liberdade é o contrário da escravidão.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Por isso, com toda a clareza, dizemos aos movimentos pacifistas que a dupla decisão da NATO continua de pé, isto é, que no caso de a URSS decidir desmantelar