Risos do PS.

Essa é uma realidade inegável. Que a gente o diga e que o escreva não tem nada de especial nem de extraordinário! Que o PCP faça essa análise não tem nada de extraordinário!

O Sr. Deputado falou ainda no «governo de salvação nacional». Já ouvi umas declarações do Vice-Primeiro-Ministro, Sr. Dr. Mota Pinto, muito indignado e alarmado com isso mesmo. Pergunto: mas ele não fez parta de um governo nessas condições? Quando foi demitido o Dr. Mário Soares, o Dr. Mota Pinto não foi para um governo com umas características muito especiais que não tinha uma maioria nesta Assembleia da República?

Uma voz do PCP: - Era uma solução constitucional!

A Oradora: - Não era um governo constitucional? lá não se lembram desse governo?

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Para terminar, Sr. Deputado José Luís Nunes, penso que foi útil ter lido as nossas Teses... Só espero que tenha aprendido qualquer coisa porque estamos sempre a tempo de o fazer!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Luís Nunes, como há mais deputados inscritos para lhe colocar questões, pergunto-lhe se deseja responder agora ou no fim.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra o Sr. Deputado João Amaral, também para pedir esclarecimentos.

overno está a governar contra os interesses da maioria da população portuguesa, que não está a dar soluções aos problemas nacionais e, antes pelo contrário, os está a agravar, que tem uma política económica que é um desastre, que é um governo que põe em perigo as instituições do regime democrático.

Então o que preocupa o Sr. Deputado José Luís Nunes é isto: «querem ver que aparece aí um documento que no quadro das instituições de funcionamento normal da democracia propõe soluções políticas e que no quadro da Constituição propõe e apresenta soluções com um leque tão amplo que passam, designadamente, pela consideração da situação política actual?» Ora, o que o preocupa é, pois, que no quadro político actual o País exige uma política alternativa que pode e deve ser prosseguida no sentido de, a não existirem outras soluções num quadro a médio prazo e essas também dentro das linhas constitucionais -, poderem agora ser postas em cima da mesa, como, por exemplo, a de um governo de salvação nacional. E o que é que teme com isso? Teme que isso demonstre que é falso o bloqueio, o impasse que os senhores tentam inventar em torno da situação política? Teme que fique claro perante o povo português que, de facto, há uma solução?

Sr. Deputado, que V. Ex.ª defenda o Governo fica-lhe bem! Cumpre-lhe! Que negue a solução de alternativas ou que tente fazê-lo, ainda lhe cumpre! Agora, o que não lhe cumpre é chorar lágrimas de crocodilo sobre aquilo que não existe, e isso fê-lo aqui.

O Sr. Deputado falou do processo de discussão do documento e da questão das modificações, do camelo, etc. Contudo, gostaria que me dissesse se não será mais fácil do que, como disse, o camelo passar pelo fundo da agulha, que esta maioria fazer coisa diferente não de uma forma seguidista, fazendo crítica sem um mínimo de consideração dos problemas -, siga tudo aquilo que o Governo aqui dentro manda? Quer exemplo mais claro do desprestígio desta Assembleia, da forma incorrecta de tratamento desta Assembleia, da desvalorização desta Assembleia do que aquilo que aqui tem feito esta maioria na forma como trata as propostas do Governo?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.