junto a eles, vivendo-os, sentindo-os e conhecendo-os diariamente, fácil é imaginar quanto difícil se torna conseguir desbloquear esses problemas do ensino, do apoio cultural, do apoio à segunda geração (e também às terceira e quarta gerações, muito embora se deva, prioritariamente, aguentar e travar o risco que se corre de perder a segunda geração, tal não obstando, contudo, a que se actue igualmente junto das comunidades mais antigas, seja a da Califórnia, seja a da África do Sul, seja a da Venezuela ou a da Argentina).

Quando a Sr.ª Deputada refere o problema dos subsídios, julgo que haverá que não confundir - e procurarei que nunca se confunda - o problema dos apoios a associações (missões religiosas, comissões de pais, clubes, etc.) e o problema do apoio que é devido para o esforço progressivo no sentido de reforçar e melhorar o ensino da língua portuguesa e a divulgação da cultura portuguesa, em geral no estrangeiro e, em particular, junto dos emigrantes e das comunidades que são os agentes fundamentais da transmissão dessa cultura.

Não ouvi a Sr.ª Secretária de Estado, mas em face do que conheço da política do Governo, o que aquele membro do Governo poderá ter eventualmente dito é que irá haver dificuldades em continuar a conceder subsídios para as associações e outras estruturas do mesmo género, mas julgo que não terá referido que iriam ser feitos cortes no esforço do ensino da língua portuguesa.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Se o Sr. Presidente o permitir, com certeza.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada já não pode interromper o orador porque este já está a exceder o tempo de que dispunha, não podendo, portanto, ceder parte do tempo de que já não dispõe.

O Orador: - É a tal forma enviesada de usar da palavra, Sr. Presidente!

Mas vou terminar.

Dizia que era isso que julgo ter acontecido em relação às afirmações que a Sr.ª Secretária de Estado fez e por isso ...

O Sr. António Vitorino (UEDS): - ... e por isso continua a falar!

O Orador: - ... penso que as restrições irão afectar todos.

De qualquer forma, sempre achei e continuo a achar - desde logo pelas razões que explicitei na minha intervenção política, obviamente curta por causa do tempo -, que a política de emigração e a política das comunidades, porque constituem um elemento fundamental da Nação e do Estado, devem ter uma prioridade crescente em termos de orientação política de qualquer governo.

Aplausos de alguns deputados do PSD e do PS.

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alda Nogueira.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado José Vitorino: Vou utilizar a forma do protesto, embora não seja propriamente esse o sentido das minhas palavras.

Queria apenas reafirmar que a Sr.ª Secretária de Estado da Emigração referiu-se concretamente a subsídios para a emigração em geral e, muito concretamente também, em relação às próprias associações. Deu para tanto algumas sugestões, mas reconheceu que isso iria dificultar a situação, pelo que teriam de se estudar outras soluções, que, enfim, se veria de futuro quais eram. Mas, para já, a questão muito concreta era esta: uma redução de subsídios.

Ora, se os problemas se amontoaram durante todos estes anos, parece que se impunha que, pelo menos, se não tocasse nos já reduzidos subsídios existentes.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Vitorino deseja contraprotestar?

O Sr. José Vitorino (PSD): - Sim, Sr. Presidente, embora o faça em termos de conversa esclarecedora, que não tem a ver com essa carga negativa que por vezes tem o protesto.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.