que o Sr. Deputado faz da actuação do Sr. Presidente da República será, por conseguinte, a de que ele quis ofender os interesses dos trabalhadores e a de que ele está obviamente, ligado aos interesses do capital? Ou será outra a interpretação do Sr. Deputado Carlos Carvalhas?

O Sr. Deputado disse a certa altura que o aumento da taxa de crescimento do produto interno bruto não implica necessariamente o aumento das importações. O Sr. Deputado sabe qual é a elasticidade das importações em relação ao produto interno bruto? Sabe explicar me como é que numa economia como a nossa, em que o sector de bens de equipamento é extremamente reduzido, se tornaria possível pôr em prática uma política de tipo expancionista sem que isso tivesse efeitos indutores negativos nas nossas importações?

Terceira questão: quais, no entender do Sr. Deputado, as principais variáveis explicativas do comportamento das importações e das exportações em termos de modelo econométrico? Será que, não sendo o produto interno bruto a principal variável explicativa, ele tem a ver com a taxa de câmbio? Nessa eventualidade, gostaria de saber como é que o Sr. Deputado explica a posição do Partido Comunista contra a desvalorização do escudo.

Como explica, Sr. Deputado, que seja possível pôr em prática um modelo de crescimento auto-sustentado e um modelo altamente proteccionista sendo o nosso mercado interno um mercado interno estreito?

Quinta questão: como é que o Sr. Deputado Carlos Carvalhas consegue conciliar aquilo que disse aqui no Parlamento com o facto de nós termos um acordo de comércio preferencial com a Comunidade Económica Europeia? Em que medida é que considera que, para pôr em prática um modelo de substituição de importações, que na prática defende, seria necessário pôr em causa o acordo de comércio preferencial com a Comunidade Económica Europeia e quais os efeitos provocados por essa mesma tomada de posição? Quais as alternativas existentes a esse mesmo acordo de comércio preferencial?

Como é que o Sr. Deputado explica a tentativa de conciliação de uma política financeira, tal como é preconizada pelo Partido Comunista, designadamente no que respeita à taxa de juro, com a necessidade, tão apregoada pelo Partido Comunista, de fazer face às fugas de capitais, sem se enveredar por uma política de estatização do sector exportador ou de todo o sector de comércio externo?

Por último, Sr. Deputado, está consciente de que o Partido Comunista tem o modelo de estabilização alternativo ou, pelo contrário, tem uma estratégia de tomada de poder e de exercício de poder alternativa? É que, se se trata de afirmar a segunda questão que colocámos, pois nós já o sabíamos e já sabíamos que existe ...

O Sr. Presidente: - Desculpe-me, Sr. Deputado, mas já está a ultrapassar o tempo de que dispunha. Por-. tanto peço que conclua o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. João Amaral (PCP): - Traz o trabalho de casa feito e não tem tempo de o ler todo!?

0 Orador: - Vou concluir, Sr. Presidente.

Por acaso não sou do género de trazer trabalhos de casa feitos, Sr. Deputado João Amaral, embora admita perfeitamente que quem seja defensor do centralismo democrático, que é o centralismo burocrático, esteja habituado a esses processos e não conceba que as outras pessoas procedam diferentemente.

Aplausos elo PS e do PSD.

E que, se se trata da afirmação de que têm uma estratégia de tomada de poder alternativa, nós já o sabíamos e já o sabíamos desde 1974-1975.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas para responder.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Vou ser muito breve porque o que eu esperava é que as perguntas viessem do Governo, Estamos aqui para travar um debate com o Governo e não com a maioria.

Risos do PSD.

Se queriam que travássemos um debate com a maioria dessem-nos mais tempo!

Aplausos do PCP.

Vamos então às perguntas de