O Orador: - O Sr. Deputado está, portanto, a colocar o acento tónico nas chamadas expectativas e a dizer que, se do ponto de vista da propensão marginal a consumir se justifica a minha posição, já se houver uma expectativa de instabilidade económico-social o comportamento do consumidor poderá ser diferente.

Aí também me permito divergir do Sr. Deputado porque a minha interpretação é a de que, com esta política, se poderá estar até a incutir mais confiança quanto a uma certa estabilidade a prazo da economia nacional do que aconteceria se se continuasse a prosseguir a política económica e financeira que tinha vindo a ser prosseguida até à tomada de posse deste Governo. Mas isto é uma questão de interpretação.

Para além do mais, penso até que o problema não está tanto na formação de poupança. Como o Sr. Deputado sabe, sobretudo em termos de poupança canalizada para as instituições de crédito, até existe, porventura, poupança a mais - o que não existe é a capacidad e de orientar reprodutivamente essa mesma poupança. Mas isto tem a ver com outra questão que é a da dinamização do mercado de capitais.

Quanto à pergunta do Sr. Deputado do MDP/CDE, devo dizer que, em meu entender, não é inevitável um Plano e um OGE semelhantes a estes, muito pelo contrário, será graças a este OGE e a este Plano que nós iremos, muito provavelmente, inviabilizar ou evitar um OGE e um Plano para 1985 semelhante aos actuais.

Uma voz do (PCP): - Acredito, acredito!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, ontem tinha ficado assente uma reunião dos líderes dos Grupos Parlamentares para esta hora, pelo que convoco os Srs. Deputados líderes dos grupos parlamentares para essa reunião, a efectuar com o Sr. Vice-Presidente Fernando Amaral.

Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Hasse Ferreira.

O Sr. Hasse (Ferreira (UEDS): Na realidade, é um protesto para saudar o optimismo do Sr. Deputado António Rebelo de Sousa quanto à evolução do produto interno bruto, bastante mais optimista que o Sr. Ministro das Finanças e do Plano, e para agradecer a sua explicação para as razões do insucesso anterior do controle selectivo da procura, embora se possa questionar sobre se é ou não uma explicação absolutamente cabal.

A questão central a abranger neste protesto é o desemprego. A redução do desemprego não se põe só em termos da utilização e do enquadramento social dos desempregados: põe-se em termos da sua contribuição para o produto.

E diferente o estar a dar formação profissional, o estar a fazer investimentos humanos naqueles que não têm actividade mas que não estão a produzir nada, em vez de estar a empregá-los em obras ou serviços que têm um valor determinado. Em termos de se aumentar ou não o produto, o impacto económico é totalmente diferente.

O Sr. António Rebelo de Sousa (PSD): - Dá-me licença, Sr. Deputado.

O Orador: - Faça favor.

O Sr. António Rebelo de Sousa (PSD): - Eu não disse isso. O que disse é que é pelo menos preferível essa situação à situação de subemprego em que também não há contribuição para o produto e em que, por vezes, até há simultaneamente atrasos no pagamento dos salários.

a solução pode resolver uma parte do problema, tem alguma validade, designadamente para um país com níveis de formação profissional tão baixos como o nosso, mas não será suficiente, desde logo se se entrar numa perspectiva de aumento de desemprego, como se está a entrar.

O Sr. Presidente: - Se deseja contraprotestar, tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado António Rebelo de Sousa.

O Sr. António Rebelo de Sousa (PS): - Sr. Presidente, é efectivamente para um ligeiro contraprotesto, embora o protesto do Sr. Deputado tenha sido feito em termos perfeitamente correctos, pelo que não merecia uma contraprotesto.

Todavia, utilizo esta figura regimental para dizer mais uma vez que aquilo que afirmei e continuo a afirmar: é que considero ser preferível uma situação de orientação do desemprego friccional ou de algum dcscrnprego estrutural para sectores que sejam devidamente enquadrados por um bom subsídio e uma boa formação profissional, do que uma situação de subemprego na qual tambEm não há contributo directo e imediato para o produto interno bruto ...

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Dá-me licença. Sr. Deputado.

O Orador: - Faz favor.

O Orador: - Claro, mas a diferença entre aquilo que defendo e aquilo que o Sr. Deputado acabou de defender é que eu penso que o Estado deve depois