mesma ordem de razões podia outro senhor deputado do Porto perguntar por que é que não tínhamos incluído o porto dessa cidade. Penso, pois, que não se deve

fazer cavalo de batalha com essa questão.

O Sr. Deputado Reinaldo Gomes disse ainda que os custos são muitos e perguntou se os tivemos em conta. Pois tivemos, mas acima de tudo tivemos em conta que a vida dos trabalhadores, neste caso a vida dos pescadores, não tem qualquer preço.

O Sr. Reinaldo Gomes (PSD): - Eu disse isso!

O Orador: - E com isto respondi a uma questão colocada pelo Sr. Deputado Luís Saias.

Em relação ao Sr. Deputado José Vitorino, devo dizer que não estava à espera que, em relação a uma questão tão séria com a que estamos a discutir, na minha intervenção tenha dito alguma coisa que o chocasse tanto. Não estava à espera disso - o Sr. Deputado queimou-se e isso é lá consigo, o problema é seu -, não estava à espera de uma provocação anticomunista!

Mesmo assim, se lhe for possível, há-de mencionar-me a parte da intervenção com a qual ficou tão ofendido.

Relativamente à questão de não termos avançado com os portos de Olhão ou de Portimão, a resposta é no mesmo sentido da que dei ao Sr. Deputado Reinaldo Gomes.

Ao Sr. Deputado Luís Saias também podia responder da seguinte forma: não respondo a nenhuma das questões que me colocou porque, de há uns tempos a esta parte, as suas intervenções, aqui, são de uma baixa qualidade ...

Vozes do PSD: - Vejam lá! ...

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Ah! ..

tripulações. E diga-me lá, Sr. Deputado, qual é a embarcação com mais de 12 tripulantes que custe menos de 2000 ou 3000 contos?!

As embarcações a que o Sr. Deputado se refere, a custarem menos de 1000 contos, são para 2 ou 3 tripulantes - ou, vá lá 4 ou 5. Com 12 tripulantes quase todas são embarcações a partir dos 14 000 ou 15 000 contos.

Srs. Deputados, penso que, no fundamental, respondi às questões que me foram colocadas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para protestar, tem a palavra o Sr. Deputado Ferraz de Abreu.

O Sr. Ferraz de Abreu (PS): - Na realidade fiquei triste e extremamente impressionado com a terrível ingratidão que aqui foi revelada para com a Marinha de Guerra portuguesa.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Ingratidão?! ...

O Orador: - Eu próprio fui testemunha de sacrifícios extraordinários feitos pela Marinha de Guerra em prol da defesa, da busca e do salvamento de pescadores, quer no litoral português, quer nos Açores. A Marinha de Guerra conta com algumas vítimas no exercício dessa generosa actividade e é lamentável que haja um deputado, que parece estar muito ligado aos problemas da pesca, que aqui, perante esta Câmara, pronuncie palavras tão cheias de ingratidão, de ignorância e não sei que outros sentimentos posso exprimir mais.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Realmente não sabe!

O Sr. Vidigal Amaro (PPC): -0 Sr. Deputado deve ser pescador de anzol!

O Orador: - Felizmente que a grande maioria dos pescadores não é desta opinião e eu próprio fui testemunha de como eles lamentaram, outrora, a falta da assistência da Marinha de Guerra nos «bancos» da Terra Nova, quando o navio Gil Eanes foi retirado à Marinha para ser entregue a nova organização diferente da Armada.

Entretanto, só queria dizer que em relação ao Instituto de Socorros a Náufragos é extraordinário que se diga que ele só serve para «salvar mortos», porque os números deste ano, e que tenho aqui, dizem isto: em 1983 houve 112 saídas dos navios salva-vidas para o mar; foram salvas 148 vidas só em 9 meses; foram assistidas 1348 embarcações e foram salvas 43. Infelizmente há a lamentar até agora 9 mortos.

O Sr. Presidente: - Para um contraprotesto, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Espadinha.

O Sr. Carlos Espadinha (PCP): - Sr. Deputado Ferraz de Abreu, eu não disse absolutamente nada que pudesse ofender os grandes homens que são os nossos marinheiros.

O Sr. Ferraz de Abreu (PS): - Então não sabe o que está a dizer!

O Orador: - Simplesmente, não estão em causa os sacrifícios que os nossos marinheiros fazem. O que está em causa é o facto de saber se eles têm ou não qualquer obrigação. Tudo aquilo que os marinheiros fazem fazemos nós, pescadores, uns aos outros. Nós próprios, pescadores, temos salvado mais camaradas nossos do que os marinheiros, embora não seja isto o que está em causa.