levantasse o problema, devíamos ser nós a correr o risco de o fazer, não porque o MDP/CDE seja diferente daquilo que era, mas exactamente porque continua a não ter medo da sua falta de clientelismo político, continua a apostar na democracia e na seriedade do seu trabalho.

Quanto ao protesto do Sr. Deputado Vilhena de Carvalho, devo dizer que quando me referi a um acordo privado foi porque no protocolo de acordo da ASDI com o PS - pedia lê-lo, mas não vale a pena e, de qualquer modo, posso facultá-lo a qualquer deputado que o deseje -, no seu n.º 5, há duas formas de substituição de deputados. Numa primeira forma, a que o PS chama legal, diz-se que «no caso de o Sr. Deputado Vilhena de Carvalho não ser eleito, ele deverá ser substituído por um deputado do PS». Mas, no n.º5.3, há outra forma de substituição que prevê que, para além do caso que, referi anteriormente, os Srs. Deputados serão substituídos segundo o acordo do n.º 5.1, que é no sentido de os deputados serem substituídos como se os partidos tivessem entrado em coligação.

Ora, quando num mesmo protocolo há um acordo a que se chama legal e há um outro acordo, tenho todo o direito de dizer que esse segundo acordo é privado!

Não tenho nada a opor a isso, Sr. Deputado O MDP/CDE não quer declarar guerra, não quer diminuir os partidos, continua a calmamente fazer o seu trabalho unitário através do País, confiando no futuro da democracia. Simplesmente, entendemos que a situação é demasiado grave para nos calarmos perante situações confusas numa Assembleia da República que deve ser transparente a todos os níveis e, sobretudo, no que respeita à presença dos deputados.

A nosso ver, o Diário da Assembleia da República tem hoje um aspecto gráfico de ilegalidade, o que consideramos extremamente grave, pois ele menciona partidos políticos que não concorreram às eleições e é também sobre isto que queremos lavrar o nosso protesto!

O Sr. Presidente da Assembleia da República teve a sensibilidade democrática de dar imediato provimento ao nosso requerimento e de o fazer baixar às comissões respectivas. E aí que esta questão será resolvida e é aí que a Assembleia vai dar a sua opinião, pois estão aí representados todos os partidos.

Levantámos politicamente o problema, por honestidade política e por ética democrática. Agora, aguardamos o veredicto da Assembleia.

Aplausos do MDP/CDE.

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado? Para um protesto?

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Sim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado.

apenas que o problema dos acordos públicos e dos acordos políticos me faz lembrar um filme, que penso que é italiano, há pouco tempo exibido, que referirei dizendo que, no plano político, há muito quem procure exibir públicas virtudes, escondendo os vícios privados.

O requerimento do MDP/CDE, que tem a ver com a correcção de ilegalidades gráficas, conforme foi referida, faz-me lembrar também uma passagem do Evangelho, em que se referem uns senhores que andavam com a lei escrita ou pregada nas vestes e a quem Jesus Cristo chamou de fariseus caiados de branco. Talvez esta linguagem vos diga alguma coisa ...

Para terminar, quanto à questão da UEDS ser um partido irmão, um partido amigo do MDP/CDE, é evidente que no programa do MDP/CDE existem muitos pontos de contacto com pontos programáticos da UEDS. Só que a nossa estratégia política é diferente, reivindica-nos de um outro tipo de intervenção e talvez seja essa uma das razões que faz correr o MDP/CDE.

Agora, este tipo de comportamento do MDP/CDE recorda-me aquela velha história, bastante reaccionária, contada acerca de uma escola polaca. Certamente que vou ser acusado pelos dirigentes de uma bancada de anticomunismo primário, mas mesmo assim vou contá-la.

Numa escola polaca um professor pergunta a uma criança quais são os países amigos. A criança vai referindo uma série de países e no fim a professora, muito espantada, pergunta: «então, não referes a União Soviética?» E a criança diz: «não, é um país irmão!»

Bem, Sr.ª Deputada, fique-se com esta, que eu termino aqui a minha alocução.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - E também para um protesto, Sr. Deputado?

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Sim, Sr. Presidente.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Este senhor é burro!