O que eu nego ao PCP, como participante no l8 de janeiro, é o direito de se apropriar, em termos exclusivos, do sacrifício dos homens de todas as tendências que foram vítimas do seu empenhamento em defesa da autonomia sindical.

Aplausos do PS e do PSD.

E nego-lhe esse direito com o fundamento sólido de ter partilhado as cadeias do continente e do Campo cie Concentração do Tarrafal - e neste último, que eu saiba, o Sr. Deputado Joaquim Gomes não esteve ...

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Mas esteve muitos anos preso!

Salazar e aos seus crimes um banho lustral purificador - já que aparece agora, a esta nova luz, não como o regime altamente repressivo, que sempre foi mais como um regime moderado e democrático.

Mas o Sr. Deputado mostra, para além disso, que tem em muito pouca conta a inteligência dos seus colegas do Parlamento. Com efeito, já que entrou pelo caminho das comparações, seria muito mais rigoroso se comparasse o regime de Salazar e a sua ofensiva anti-sindical dos fins de 1933, com o regime polaco e sua ofensiva do mesmo sinal dos fins de Dezembro de 1981.

Aplausos do PS e do PSD.

deveria ter chegado. E com isso prestaria não só uma homenagem muito mais honesta à memória dos que sofreram e morreram em consequência do 18 de Janeiro, ante cujo sacrifício me curvo neste momento comovidamente, como seria mais coerente com o próprio sentido da sua luta de então em prol da independência sindical.

Honraria muito mais a memória de homens como Bento Gonçalves, Alfredo Caldeira, Ernesto José Ribeiro e outros se tivesse a coragem de reconhecer que não foi por situações como as que se vivem na Polónia que sacrificaram as suas vidas.

E que nós, nessa época, estávamos convencidos que a luta que travávamos nas fileiras do PCP era uma luta em prol de uma sociedade mais livre e mais justa, era em prol de «uma sociedade mais democrática que a mais democrática das democracias burguesas», como costumávamos repetir, citando Lénine - e tal conclusão levava-nos a arrostar os maiores sacrifícios e a mais brutal repressão com a coragem que advém da certeza de se legítimos objectivos sectoriais, como contribuir com o seu exemplo e a sua força para a consolidação do regime democrático.

Essa será, de resto, a única maneira de garantirem os seus direitos sindicais, impossíveis de conceber nos regimes que não respeitam as liberdades públicas, como a experiência do movimento operário contemporâneo claramente comprovou. E será também a única forma de comemorarem dignamente e de respeitarem a mensagem de liberdade que nos legaram os que se sacrificaram em 18 de janeiro de 1934, que por ela se bateram e muitos morreram.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Ficam inscritos para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados Jerónimo de Sousa e César Oliveira.

O Sr. Presidente:- Srs. Deputados, vamos entrar na ordem do dia, da qual consta apreciação e votação do projecto de lei n.º 93/III, apresentado pelo CDS,