pelos nossos colegas do Centro Democrático Social, e vou agora ler um texto oriundo do quadrante de pensamento representado por V. Ex.ª:

O pequeno burguês - escreve Lenine - desespera do seu futuro e procura a salvação na limitação dos nascimentos.

O operário sabe que a classe operária triunfará e é também um inimigo absoluto do «neo-malhusianismo». Luta para que os seus filhos sejam mais felizes e com os seus combates prepara a sua vitória.

Não há textos sagrados, Sr.ª Deputada, não há textos eternos, são os homens que fazem a história, e a bipolarização que o Sr. Deputado Azevedo Soares prevê ou vê aqui é, afinal, a bipolarização negativa, a bipolarização daqueles para quem a terra não se move e a bipolarização daqueles que encerrados, como VV. Ex.ªs, no bunker da história não compreendem que cá fora já faz sol.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder às questões agora colocadas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Respondendo a algumas das questões que me foram agora colocadas, começo por constatar que o Sr. Deputado Azevedo Soares veio comparar os 2 debates, veio comparar o tom e o estilo das 2 posturas face ao debate.

Creio, Sr. Deputado, que há uma coisa que é clara: nós, PCP, não mudámos de posição, não mudámos de argumentos, não mudámos de texto de projecto de lei. Por isso mesmo estamos aqui na mesma atitude, na mesma posição, com os mesmos argumentos e com mais aqueles que colhemos e que o tempo e a vida nos vieram mostrar, com os muitos testemunhos de mulheres que nos escrevem e nos procuram para relatar a razão de ser dos seus dramas, no fundo a razão de ser de todo este debate que estamos aqui a travar.

Mas o Sr. Deputado disse uma coisa que e grave: falou em «brincar-politicamente com "esta questão». Nós tratámo-la sempre, desde o primeiro momento, como uma questão séria que diz respeito à vida de todos nós e creio, Sr. Deputado, que quem brinca politicamente é quem é capaz como, por exemplo, uma organização que, certamente não o rigor, é afecta ao CDS, a Confederação de Famílias de distribuir pelas escolas secundárias um panfleto que se intitula assim: «Não mates o Zezinho». Isto, sim, é brincar com uma questão muito seria.

Vozes do PCP: - Muito bem!

moderna e disse que há uma recessão a nível da legislação internacional - também ó Sr. Deputado Nogueira de Brito pegou nesta questão -, e realmente, olhando para a Europa, o Sr. Deputado só pode ir buscar o exemplo da Irlanda do Norte, porque de resto estão isolados na Europa. Depois do debate havido em Espanha só falta Portugal e a Irlanda do Norte, mais nenhum país.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - E a Bélgica!

A Oradora: - A Bélgica fecha os olhos, Sr. Deputado. Aí há uma situação diferente que não se pode comparar com a situação repressiva que existe em Portugal.

Risos do CDS.

Mesmo assim, Srs. Deputados, dou-lhes de mão barata a Bélgica porque sobra-nos a França, a Inglaterra ... Reparem que só 8 % dos países do Mundo têm o aborto completamento proibido, portanto, dou-lhes de mão barata a Bélgica, fiquem com ela que nós ficamos com o resto do Mundo e não ficamos nada mal acompanhados.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - O Sr. Deputado Nogueira de Brito ficou muito ofendido por eu referir aqui que se sentavam na vossa bancada alguns ministros e secretários de Estado de antes de 25 de Abril. Ora eu queria antes de mais; relembrar em que contexto é que eu disse isso e aqui coloco 2 questões nunca esqueceremos que estão aí sentadas pessoas que estiveram em governos de ditadura durante a qual muitos dos meus camaradas de bancada estavam presos exactamente por serem contra ela. Isso não podemos esquecer nem deixar de lembrar aqui.

Aplausos do PCP.

Mas também é importante, Sr. Deputado, relembrar o momento em que eu lhe disse: Que moralidade pode ter um homem que esteve sentado num governo que conduziu uma guerra - a guerra colonial -, guerra injusta, onde se morria dos dois lados, para vir agora aqui falar do direito à vida?

Levantaram nessa altura uma dedo para defender a vida dos jovens portugueses que morriam, para defender a vida dos patriotas dos movimentos de libertação?

Aplausos do PCP e protestos do CDS.

Ou será que, nesse caso, a vida já não contava e só conta quando se trata de. mexer nesta questão? Será