Parece-me, já que estamos a falar na «calada da noite», que o Sr. Deputado Malato Correia deu um tom dramático a esta questão. Colocou-a de uma forma veemente, forte, vigorosa, como se ela fosse, também para o Grupo Parlamentar do PSD, uma questão essencial, de enorme profundidade e gravidade. Julgo que assim será, pois estou habituado a ver essa posição no PSD e, por isso, não me admira que a mantenham.

Vozes do PSD: - E é!

O Orador: - E agora, Sr. Deputado?

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Vão sair do Governo ou não?

O Orador: - Se se trata de uma questão tão grave, tão delicada, pergunto: qual o verdadeiro posicionamento do PSD? Vai só tentar esclarecer, tentar desmistificar muitas das questões que hoje durante todo o dia aqui foram trazidas, trabalho esse em que o CDS acabou por estar sozinho, desmistificando muita da demagogia e da hipocrisia a que hoje aqui assistimos - e estivemos sozinhos na desmontagem dessa hipocrisia? Que consequências, se a questão é assim tão grave, tão delicada, tão profundamente sentida pelo Grupo Parlamentar do PSD? Como é que agora. Sr. Deputado Malato Correia, se consubstanciam as ameaças, como é que a gravidade deste problema tem tradução no plano político? Porque, Sr. Deputado, estamos aqui a discutir no plano político; trata-se de um combate político, temos todos de saber quais são os limites desse combate, quem se empenha nele, quem não o encara a sério e quem tira dele todas as suas consequências.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Nogueira de Brito pediu a palavra?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Para um pedido de esclarecimento. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

vantajosa a sua intervenção! Simplesmente, no que respeita à posição que tomou em relação ao

projecto de lei n.º 265/III e ao projecto de lei n.º 7/III, não lhe vou fazer quaisquer perguntas, pois elas são de carácter político e já foram feitas pelo meu colega de bancada Azevedo Soares. Mas ia-lhe perguntar, Sr. Deputado Malato Correia, como é que V. Ex.ª concilia as posições que defendeu com o facto de ter subscrito, sem qualquer observação, o projecto sobre planeamento familiar e educação sexual em conjunto com o Partido Socialista. Que me diz o Sr. Deputado do seu pendor estatista - já que nenhum de nós põe em causa a questão do planeamento familiar e da educação sexual - e como é que concilia as suas posições com o pendor estatizante desse projecto que subscreveram em comum com o PS e com as soluções aí consagradas? Como é que responde à observação feita pela Sr.ª Deputada Zita Seabra, designadamente como é que entende o avanço cauteloso para a inseminação artificial de que nos falou o Sr. Deputado Ferraz de Abreu?

Eram estas questões muito concretas que gostaria de deixar à sua ponderação neste momento.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Eurico Figueiredo pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Malato Correia. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Não pode, Sr. Deputado, pois tinha de se inscrever durante a intervenção do Sr. Deputado Malato Correia.

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Eu pedi a palavra em devido tempo, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - É que realmente não foi visto, Sr. Deputado, e durante a intervenção não se tomou nota do seu pedido de palavra.

Entretanto, o Sr. Deputado Nuno Abecasis pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Para um pedido de esclarecimento. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra. Sr. Deputado.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Deputado Malato Correia, permita-me que lhe diga que apreciei muito a sua intervenção.

Vozes do PCP: - Claro!

O Orador: - E apreciei muito a sua intervenção porque penso que ela veio no momento oportuno e veio desfazer e centrar este debate. De facto, não estamos aqui a discutir se o aborto pode ou não ser feito mais tarde ou mais cedo, estamos aqui a discutir o direito à vida. E, sob esse aspecto, o Sr. Deputado pôs o problema com a exactidão da ciência. Ê a isso que me quero referir agora.

O Sr. Vidigal Amaro (PCP): - Da falsa ciência!

O Orador: - ... e, ao mesmo tempo, assinalar a coragem de um médico que igualmente assiste a situações dramáticas, como disse.