Queria-lhe dizer que o fez com tanto êxito que levou o Partido Comunista a invocar aqui o horripilante exemplo dos EUA, só para conseguir fazer passar essa lei de despenalização do aborto que apadrinha.

Não foi bem uma interrogação que lhe fiz Sr. Deputado, mas, de facto, sentia que em consciência devia-lhe prestar esta homenagem.

O Sr. Vidigal Amaro (PCP): - O Malato Correia, ainda ganhas a medalha da Câmara Municipal de Lisboa!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, a Mesa registou como o último Sr. Deputado que pediu a palavra em relação à intervenção do Sr. Deputado Malato Correia o nome do Sr. Deputado César Oliveira. Posteriormente aparece na Mesa a inscrição do Sr. Deputado Octávio Cunha, Horácio Marçal e, finalmente, do Sr. Deputado Eurico Figueiredo.

Acontece, porém, que a Mesa não se apercebeu que estes Srs. Deputados se tinham inscrito durante a intervenção do Sr. Deputado Malato Correia.

Perguntava, por isso, ao Sr. Deputado Octávio Cunha se realmente se inscreveu durante a referida intervenção e se é para um pedido de esclarecimento que a quer fazer.

O Sr. Octávio Cunha (UEDS): - Inscrevi-me sim, Sr. Presidente, e para esse efeito.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Octávio Cunha, inscreveu-se durante a intervenção do Sr. Deputado Malato Correia?

O Sr. Octávio Cunha (UEDS): - Sr. Presidente, eu e o meu camarada César Oliveira pedimos, simultaneamente, a inscrição.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Horácio Marçal inscreveu-se durante a intervenção do Sr. Deputado Malato Correia?

O Sr. Horácio Marçal (CDS): - Inscrevi-me, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - E o Sr. Deputado Eurico Figueiredo também se inscreveu nessa altura?

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Não, Sr. Presidente, inscrevi-me depois.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado César Oliveira.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Cunha.

Veil, Natália Correia, Zita Seabra, Teresa Ambrósio, todos nós, homens e mulheres que lutamos pela, nossa dignidade, não somos criminosos nem infanticidas. Como não são criminosos a Sr.ª Tatcher, que não aboliu a lei em Inglaterra, o Presidente Mitterrand, que não aboliu a lei em França, ou Gonzalez, em Espanha, que a fez aprovar. Não somos efectivamente criminosos nem infanticidas. Não podemos ser metidos no saco onde nos quer meter o Sr. Deputado do PSD.

Dir-lhe-ia mais, a título de informação. Os peritos calculam que uma em cada 4 gravidezes termina com uma interrupção voluntária. A nível mundial, isto corresponde-a mais de quarenta milhões de interrupções voluntárias de gravidez por ano. Actualmente, os países sobre os quais se dispõe de informação segura onde a interrupção voluntária da gravidez é ilegal são a Birmânia, a Colômbia, a República Dominicana, o Egipto, a Indonésia, as Filipinas, a Formosa, o Zaire, a Irlanda, a Bélgica e Portugal. A população deste s países representa 9 % da população mundial. Os países onde a interrupção voluntária de gravidez é livre representam 61 % da população mundial. Nos 30 o restantes, a interrupção voluntária de gravidez pratica-se com indicação médica. Em Portugal, como repetidamente tem sido aqui afirmado, em 1981, em 1982 e em 1983 foram interrompidas 100000 a 200000 gravidezes por ano nestas, 100000 a 200000 interrupções da gravidez muitas, mulheres, acabaram por morrer ou por ficar com sequelas graves.

Aquilo que quero dizer é que 91 % da população mundial que aceitou a interrupção voluntária da gra-