região por dificuldade de se apetrechar para concorrer com produtos oriundos, por exemplo, dos «novos países industriais».

A indústria da região tem uma estrutura fortemente desequilibrada e um reduzido grau de diversificação, assentando o seu aparelho produtivo ainda em sectores tradicionais; caracteriza-se ainda por uma excessiva pulverização da estrutura empresarial, insuficiências técnicas e organizativas, baixa produtividade, problemas de qualidade dos produtos, dificuldades na progressão no mercado externo, etc.

Assinale-se, também, que o elevado subemprego e a falta de mão-de-obra qualificada, a tendência dos investimentos a dirigirem-se em larga escala para os sectores tradicionais é um dos grandes problemas da economia do Norte Litoral, sobretudo no vale do Ave, perigosamente especializado no sector têxtil.

A indústria da região é, finalmente, muito vulnerável devido à excessiva concentração em poucos sectores e está demasiado exposta a crises ou dificuldades que poderão, eventualmente, assumir proporções alarmantes.

Algumas linhas de político industrial para a região: dar prioridade a uma estratégia de diversificação e modernização do tecido industrial; promover a inovação industrial em sectores de ponta e incentivar a investigação e o desenvolvimento tecnológico; estimular o aparecimento e consolidação de indústrias novas, desenvolvimento de indústrias básicas, fomento de metalomecânica, do sector da electrónica, material eléctrico, etc. - este parece-me ser um objectivo fundamental, embora aqui, também como Schumacher, defenda as chamadas tecnologias intermédias para a região de Entre Douro e Minho (e, assim, estou também com alguns especialistas que recentemente foram fazer uma conferência ao Porto, aí defendendo as tecnologias intermédias e o seu desenvolvimento nesta região); reestruturação dos sectores tradicionais e auxílio àqueles que estão em crise; apoiar as pequenas e médias empresas; aumentar a qu alidade dos produtos; afastar as indústrias intensivas em mão-de-obra do Grande Porto, para evitar a fixação de pessoas numa área já saturada; interessa renovar aqui o aparelho industrial, combatendo-se a tendência ao prosseguimento de investimentos nas indústrias tradicionais; criar centros de formação profissional, nomeadamente de técnicos e trabalhadores qualificados.

Estas são, esquematicamente, as linhas de política industrial fundamentais para a região.

Todas as dificuldades acima expostas atinentes à indústria transformadora têm tendência a agudizar-se e multiplicar-se nas zonas de mono-indústria ou mono-sectoriais, se atendermos ao facto de os sectores tradicionais que aqui predominam (têxtil, vestuário, calçado, madeira e mobiliário) representarem, no seu conjunto, 60 % do emprego e 50 % do produto da região.

Constatamos, por exemplo, que o sector têxtil da região do Norte Litoral tem à sua conta 71,7 % do produto e 71,7 % do emprego da totalidade da indústria têxtil do continente; esta percentagem é ainda superada no sector do calçado (87,4 % do produto e 90,3 % do emprego de toda a indústria nacional) e aproximada nos plásticos (65,5 % e 68,7 %), mobiliário (59,2 % e 64,3 %) e vestuário (57,8 % e 62,8 %).

O sector têxtil justifica particulares cuidados e apreensões - como, aliás, já aqui salientou a Sr.ª Deputada Tida Figueiredo, que me ouve com atenção! - e, portanto, uma política de apoio e reconversão bem concebida e dotada de todos os meios necessários. A sua contribuição para a economia do País, para o emprego e as exportações é sobejamente conhecida. Mas o peso do sector têxtil na economia e no emprego da região obrigam-nos a redobrar de cuidados e atenção, pois qualquer crise nos têxteis terá reflexos gravíssimos.

No vale do Ave, a dependência do sector têxtil é tão absoluta que toda a vida das populações está directa ou indirectamente relacionada com a economia têxtil. Daí, a delicadeza da questão e a necessidade de um esforço inteligente e sistemático para proteger o sector, favorecer a sua expansão e encontrar mercados externos para colocar os seus produtos.