O Sr. Gaspar Martins (PCP): -Meteu os pés pelas mãos!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, se deseja contraprotestar faça favor.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP):-Sr. Presidente, não é por falta de respeito pelo Sr. Deputado José Vitorino - mas a nossa interpelação é dirigida fundamentalmente ao Governo e o tempo é escasso - que irei responder-lhe de uma forma muito sintética.

Sobre a questão do carregar sobre os trabalhadores, gostaria de perguntar quantas vezes se prendeu ou se carregou sobre um patrão que viola uma das expressões mais significativas do direito à vida, Sr. Deputado?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Se um dia quiser, Sr. Deputado, muito amigavelmente, vamos à Marinha Grande, vamos ao Tramagal, vamos a Valongo, vamos à sua zona do Algarve, vamos conhecer as realidades objectivas e talvez o senhor compreenda quanto é injusto carregar sobre homens com fome, à coronhada e à bastonada.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, para pedidos de esclarecimento ao Sr. Ministro do Trabalho estão inscritos os Srs. Deputados Sottomayor Cárdia, Guido Rodrigues, Marcelo Curto, Carlos Brito, Ilda Figueiredo, João Amaral, António Mota, João Corregedor da Fonseca, Manuel Lopes, Jerónimo de Sousa e Helena Cidade Moura.

Tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cárdia.

O Sr. Rocha de Almeida (PCP): -Sr. Presidente, desejava fazer uma interpelação à Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Rocha de Almeida (PSD):- Quando os Srs. Deputados do Partido Comunista usaram da palavra, eu tinha-me inscrito para fazer um pedido de esclarecimento, como a minha inscrição está a ser preterida, presumo que a Mesa não se tenha apercebido do meu pedido.

O Sr. Presidente: - Com efeito o Sr. Deputado não está inscrito. A Mesa, certamente, não se apercebeu do seu pedido.

Desejava fazer um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa?

O Sr. Rocha de Almeida (PSD): - Era essa a minha intenção, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Se o Sr. Deputado realmente se inscreveu e a falta foi da Mesa, tem V. Ex.ª a palavra.

bem a entendi- referiu que isto é um libelo acusatório daqueles que por vezes desesperam, que rejeitam viver num país de homens com fome e medo e eles sabem que a resolução dos seus problemas passam por dois aspectos essenciais, que são estes: outra política, outro Governo.

Presumo que o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, ao trabalhador português, nosso concidadão, quando se acercou de si -como há pouco teve a oportunidade de relatar - o senhor lhe respondeu que a única solução é deitar o Governo abaixo para ficar com a barriga cheia.

Sr. Deputado, acho que se queremos ser minimamente sérios no debate que aqui hoje trouxe o Partido Comunista, não podemos isolar o problema de l, 2 ou 1000 trabalhadores mas discutir o problema geral e nacional.

A minha pergunta, que de resto já aqui foi apontada, é esta: o Sr. Deputado não entende que a resposta do Sr. Ministro das Finanças foi concreta quando, na parte conclusiva da sua intervenção, disse que se devia fiscalizar de facto aquelas empresas que de má fé têm sido lançadas para uma situação de falência em que as formas não são as correctas, nem as legais? O Sr. Deputado não entende que o segundo ponto é a viabilização das empresas que possam constituir-se em locais de trabalho, locais em que os trabalhadores possam receber o seu salário? E porque estar a subsidiar salários, sem perspectivas futuras de se poder produzir, penso que não é manter um posto de trabalho, é manter um posto de desemprego.

Finalmente, a terceira parte é a recuperação económica, que tem que ser englobada numa perspectiva geral, conjugada com toda a crise interna e externa.