quero hoje abordar. Não vou falar do Banco do Hospital de S. José, porque ele constitui uma outra unidade dos hospitais de Lisboa.

Nessa visita, fomos recebidos pelo presidente do conselho de gerência, que manifestou a máxima abertura e disponibilidade, dialogou connosco e acompanhou-nos durante toda essa manhã.

Desde logo se põe - e foi posto pelo presidente do conselho de gerência - o problema da gestão do hospital: o conselho de gerência não tem autonomia financeira nem de gestão de pessoal, pois tudo está centralizado na comissão coordenadora dos Hospitais Civis de Lisboa. Assim, por exemplo, passam-se meses para que um vidro que se parta seja colocado.

estrear -, encontrámos uma maca coberta. Às duas por três o presidente da comissão instaladora resolveu destapar a maca; pensávamos que era um cadáver, mas não era; era um cidadão em estado moribundo, em estado agónico, que tinha sido transferido para aquele serviço, mas que se encontrava no corredor completamente abandonado. 15to foi verificado por nós, in loco, e pelo presidente da comissão instaladora, que teve de chamar alguém de serviço para tratar este doente.

Este é um exemplo entre muitos do que se passa diariamente nos hospitais. E depois pergunta-se: mas de quem é a culpa? É do médico? Ninguém o informou de que estava ali o doente nem ninguém informou o enfermeiro. O problema é que quando se procura saber quem é o responsável ninguém tem culpa.

Evidentemente que há serviços que continuam a ter péssimas instalações e não se admite que hoje, em pleno século xx, existam alguns, como o serviço 3 ou o serviço 6, que comportam um aglomerado de doentes; aquilo não é uma enfermaria, é um aglomerado de doentes de diversas especialidades - cirurgia maxilofacial, ortopedia, cirurgia -, onde as camas estão todas misturadas e onde os médicos não conseguem entrar.

Os apoios também não funcionam. Senão vejamos: no serviço de radiologia estão a instalar um TAC - uma unidade moderna de Raios X. Mas dizia-me o presidente da comissão instaladora:

15to para mim é motivo de satisfação, mas maior satisfação teria se pusessem o Raio X do estômago a funcionar porque há 6 meses que não funciona.

Portanto, há 6 meses que o Raio X do Hospital de S. José não «faz» um estômago! 15to é escandaloso!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Também há graves problemas com a farmácia, o laboratório, a cozinha e a lavandaria.

Em relação a esta última, duas palavras: o serviço de lavandaria tem de se mandar para o privado. Quem compara este serviço do Hospital de S. José com o do Hospital de Santa Maria vê que o que se passa em relação ao primeiro é inadmissível. Hoje, as roupas do Hospital de S. José são postas no privado para lavar porque o seu serviço de lavandaria não dá resposta.

Bom, quanto à cozinha era bom que os Srs. Deputados a visitassem: o chão, em vez de ser liso para se poder limpar, está cheio de buracos; é uma porcaria. Os ratos passeiam e convivem diariamente dentro daquilo. Todos os dias isto é denunciado, mas os ratos continuam a conviver dentro da cozinha do Hospital de S. José.

E o transporte da alimentação para os doentes? É feito em baldes ou panelas que correm o hospital inteiro até chegar a uma enfermaria onde a comida é despejada em pratos de alumínio, fria e com um aspecto ...! Os Srs. Deputados deviam tentar comer uma refeição daquelas para ver se eram capazes.

Este problema resolvia-se de uma maneira simples: a comida saía da cozinha em refeições individuais, bem acondicionada, para que chegasse ainda quente aos doentes. 15to resolvia-se, pois, facilmente, se houvesse uma boa organização dos serviços. Mas não há, e continua-se a viver como no século passado, como no tempo das misericórdias.

Uma palavra final em relação ao problema do pessoal que lá trabalha. Muita gente diz que não trabalha, que chega atrasada ao serviço, que falta. Mas que condições tem esse pessoal?

Diziam os médicos, os enfermeiros, o pessoal de serviço, que muitos deles têm de deixar o carro fora do Hospital porque dentro não há parque, e é no carro que deixam as roupas e onde vestem a bata porque nem os médicos têm vestiários. Já aconteceu muitos carros de médicos serem assaltados, tendo-lhes sido roubados os casacos e as carteiras.

Assim, Srs.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Malato Correia (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.