Mas nesse aspecto o Sr. Deputado convirá que o seu partido não pode vir aqui vestir a pele de cordeiro.

Aplausos da UEDS.

O Sr. Presidente: - Se o Sr. Deputado Basílio Horta desejar responder, tem a palavra.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Quanto à primeira parte das perguntas feitas pelo Sr. Deputado Lopes Cardoso - perguntas que muito sinceramente agradeço -, quase que me apetecia responder-lhe com uma outra pergunta: o Sr. Deputado achava normal que na Alemanha, um dos países que citou, o Partido Social-Democrata estivesse coligado com o actual CDU. Achava normal?

O Sr. Joel Hasse Ferreira (UEDS): - Já esteve!

O Orador: - Na guerra, com certeza.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Não, não, depois da guerra!

ou seja, a de haver um governo do Partido Socialista com apoio parlamentar maioritário! ...

Trata-se, pois, de situações totalmente diferentes e, consequentemente, mantenho aquilo que disse na minha intervenção.

Quanto ao problema do sector público, da gestão das empresas públicas e da necessidade da revisão da Constituição, volto a dizer aquilo que há pouco tive ocasião de enunciar: não é só o CDS que fala na necessidade de alterar a Constituição; é o próprio Governo, pela voz do Sr. Ministro da Indústria e Energia, é o próprio Sr. Vice-Primeiro-Ministro que o diz. Trata-se de uma necessidade que é sentida por quem governa, não resultando que daí venha a satisfação de todos os males que afligem o País. Nesse aspecto estou de acordo consigo. Não reside na alteração da Constituição, como uma varinha de condão, o bem de tudo quanto antes estava mal. O que lhe digo é que é mais um elemento de coerência que se introduz numa democracia que se diz ocidental.

O Sr. Deputado Lopes Cardoso, falando em alibis, referiu-se ao Presidente da República, ao Conselho da Revolução, em suma, a toda uma série de anormalidades que têm vindo a ser corrigidas. Sr. Deputado, nada disto aconteceria se tivesse sido seguido aquilo que era proposto pelo CDS, desde, pelo menos, 1975, quando dizíamos que havia uma coerência que tinha de ser retomada e essa era manifestamente a extinção do Conselho da Revolução e uma revisão constitucional. Era, em suma, uma adequação mais rápida dos textos constitucionais à democracia ocidental.

Qual é o país do mundo onde se dá a anormalidade de governos não poderem governar de acordo com o seu programa?

Citou-me a Itália e o sector público italiano. Sr. Deputado, nem a Itália nem a Alemanha tiveram um 11 de Março. É esse o problema. O que distingue o nosso país desses países é que houve, em Portugal, um 11 de Março, onde se foi muito mais longe do que se devia ter ido. E agora é manifestamente necessário dar uma coerência global que não existe. É este o motivo da nossa exigência.

O Sr. Presidente: - Para formular um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - O Sr. Deputado Basílio Horta perguntou-me se eu achava normal fazerem-se esses acordos. Devo-lhe dizer que não acho normal, mas num outro plano. Como não acho nem normal, nem natural, a actual coligação, não achei nada natural um acordo PS/CDS e, menos ainda natural, que militantes do CDS participassem num governo PS. Aí há anormalidade, já que não houve um governo PS/CDS, mas houve um governo PS com militantes do CDS. Mas, então, o Sr. Deputado também acha normal o Governo Italiano, para já não falarmos no Governo Alemão? Não me consta que tenha havido qualquer acordo pré-eleitoral conducente e um governo de direcção socialista com a participação da democracia cristã italiana. Referi este pormenor apenas para lhe demonstrar que, de facto, a questão não reside na normalidade ou anormalidade.

Também não serve o argumento segundo o qual a Constituição é má, até porque ministros do Governo dizem que sim. Não quero entrar nesta argumentação pela

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Muito bem!