presente que é passado; aquelas que, compenetradas no cumprimento das suas tarefas, classificadas de rurais, sentem com agudeza o aumento do custo de vida, sem que alguém lhes inflacione os seus parcos rendimentos; aquelas que espelham o sofrimento de uma vida que não é vida, de uma habitação que não possuem, de um saneamento básico que não existe, de uma torneira que não deita água, de um interruptor que não dá luz, etc., etc., aquelas que não têm cuidados de protecção pré-natal, possibilidades de ver os seus filhos nas creches ou jardins-de-infância, em escolas condignas, em centros de animação de tempos livres, de um lar de terceira idade que as acolha; aquelas que não têm possibilidade de se reciclarem, de se profissionalizarem, de terem estabilidade de emprego, de terem o próprio emprego, de verem o seu trabalho dignificado, de falta de um ambiente cultural que as promova, etc., etc.; aquelas que, sendo viúvas e mães solteiras, não têm o mínimo indispensável para o seu sustento e o dos seus filhos; aquelas que trabalham e não recebem, que vivem á míngua dos familiares, dos amigos e da caridade; aquelas que os algozes consideram «coisa» sua, objecto de prazer; aquelas que uma sociedade corrompida explora, deflora e despreza, alimentando o submundo da droga e da prostituição; e, finalmente, aquelas que lutam pelo direito à vida, à sua autodeterminação, à sua liberdade, aquelas que lutam por viver em democracia.

Aqui, o meu pensamento vai para as mulheres timorenses em especial, e para todas aquelas de qualquer parte do mundo onde não se praticam os mais elementares direitos do homem.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Olhando o mundo em relance, verifica-se que, se às mulheres portuguesas ainda falta tanto, o que se passa por esse mundo é um cataclismo.

E por isso que todos nós nos devemos empenhar em dizer ao mundo oprimido e subjugado que a luta só termina quando a conquista é certa.

Exemplo para os povos que em nós revêem a sua história terá de ser a consolidação da democracia em Portugal. Mas a democracia nas suas principais componentes: política, económica e social.

Mas será que estamos a caminhar nesse sentido quando vemos que a produtividade é menor, o desemprego alastra e o nível de vida se deteriora?

Como é possível atender a este cancro nacional se não colocarmos o homem e a mulher em pleno pé de igualdade, cooresponsabilizando-os, motivando-os para a batalha da produção.

E no campo da economia doméstica que faz o todo da economia nacional?

Quem amealha, quem poupa, quem economiza?

Será que ainda não nos apercebemos do valor e da força da mulher?

Sem que pretenda medir forças fazemos votos para que, no futuro, as mulheres sejam cada vez mais iguais e mais fortes.

Por certo, se assim for, o mundo será melhor.

Aplausos do PSD, da ASDI e de alguns deputados do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Igreja Caeiro. Então já somos dois!

O Orador: - Não há discriminação, Sr. Deputado, e eu vou demonstrar porquê.

Fiz apenas esta alusão e V. Ex.ª poderá reler o meu texto- única e exclusivamente para dizer que o Partido Social-Democrata, tendo na sua bancada deputados e deputadas, homens e mulheres, optou por indicar como membros da Comissão da Condição Feminina 5 homens, dando a esta Comissão um tratamento especial para que de uma vez por todas ela fosse o espelho vivo de que o desigual tratamento entre homens e mulheres tinha sido banido da sociedade portuguesa.

E que nós tínhamos a possibilidade de indicar mulheres e indicámos homens, e eu achei por bem realçar esse facto.

Portanto, não tive outros objectivos.

Quanto a propor-me um «Dia Mundial do Homem», Sr. Deputado Igrejas Caeiro, enquanto houver o «Dia Mundial da Mulher», pelos mesmos motivos não me repugna nada que haja o «Dia Mundial do Homem», isto se V. Ex.ª estiver disposto a comigo subscrever esse texto que