A Sr.ª lida Figueiredo (PCP): - Não é nada disso, Sr. Deputado!
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, esse é o seu ponto de vista.
Creio, porém, que o assunto está terminado.
Deu também entrada na Mesa um voto de pesar, subscrito por deputados do PS e do PSD, que vai ser lido.
É o seguinte:
Voto de pesar
Faleceu, recentemente, o poeta Pedro Homem de Melo.
B indiscutível que a literatura portuguesa sofreu uma perda que não pode ser estranha a esta Assembleia, não apenas pela qualidade da sua poesia mas, também pelo que a sua personalidade representou como sentinela atenta da nossa compleição específica como povo.
Na verdade, a poesia de Pedro Homem de Melo insere-se, harmoniosamente, na nossa tradição lírica e na sequência de uma tradição que, desde os cancioneiros, tem mareado a nossa expressão poética.
O empobrecimento que representa para a literatura portuguesa o desaparecimento do Poeta Pedro Homem de Melo não pode, em nossa opinião, deixar versos em nome da liberdade. O seu amor ao povo português, ao Porto, a Afife, a Coimbra e a Lisboa, são indesmentíveis testemunhos da sua sensibilidade.
De salientar a homenagem que a Assembleia Municipal do Porto lhe prestou concedendo-lhe a medalha de ouro da cidade.
Hoje, é o dia da Assembleia da República lhe prestar a sua homenagem a título póstumo.
Falta, porém, o povo pagar-lhe com a sua espontaneidade, com toda a sua singeleza, a homenagem que lhe deve. Fá-lo-á certamente, porque o povo sabe ser grato a quem o escolheu como amigo e confidente para cenário e companhia, para paixão e entrega. O povo não esquecerá através das vozes fadistas como Amália Rodrigues e Teresa Tarouca as suas letras de poemas que ficarão para todo o sempre ligados à cultura e à música portuguesa.
Que o continuem a cantar, porque homens como Pedro Homem de Melo não se choram.
A grandeza da sua alma, levaram-no a ter um lugar de destaque na Rádio Televisão Portuguesa, a ser considerado um grande impulsionador do folclore nacional.
Morreu o homem, ficou a obra.
Ficou para sempre a imagem e a obra do poeta que clamava «Povo, povo, eu te pertenço!».
Lúcido como era e sensível aos problemas da terra, este homem, que por vezes se deixava fascinar pela morte, descreveu assim os cemitérios «onde os esqueletos dormem sem sonhos, têm o frio que a esperança não consola».
E a voz do poeta diz:
Eu sou devedor à terra, A terra me está devendo. A terra paga-me a vida, Eu pago a terra, morrendo.
Adeus, Pedro Homem de Melo. Adeus, poeta. Viverás eternamente entre nós. Paz à tua alma!...
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Presidente: - Ainda para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Nogueira de Brito.
O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Votámos conscientemente a favor deste voto de pesar aliás, como acontece em relação