o movimento operário e que estão longíssimo do sector político do meu partido, manifestavam essa impressão e preocupação -, em face das interrogações que foram colocadas ao Sr. Ministro da Administração Interna esperar-se-ia - e isto aconteceria em qualquer regime democrático - que o Sr. Ministro desse informações serenas acerca do que se passou e que, eventualmente, assumisse as responsabilidades e criticasse os excessos cometidos pela polícia, porque os houve...

Vozes do PSD: - Mas o que é que isto tem a ver com o debate?!

O Orador: - ..., houve brutalidade, houve selvajaria ...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Ora, o Sr. Ministro nada fez e por isso o meu protesto.

Como é que um Ministro da República, perante deputados da Assembleia da República a quem deve prestar esclarecimentos, se permite falar no tom ligeiro que o Sr. Ministro adoptou? E isto sem reconhecer nada daquilo que era a observação pública mais geral, sem reconhecer nada das acusações que aqui imputámos, acusando-nos a nós, que temos o direito de fiscalizar o Governo, que temos o direito de fiscalizar a Administração, que temos o direito de fiscalizar também as polícias através das competências da Assembleia da República, de estai-mos na ilegalidade. Não é disso que se trata, Sr. Ministro...

Protestos do PSD.

..., mas tão-só - e por isso temos perguntado - do comportamento das polícias.

Esta mentalidade e a argumentação que o Sr. Ministro tece a favor da acção da polícia, justificando-a, é intolerável, Sr. Presidente e Srs. Deputados!

Protestos do PSD.

O Sr. Ministro procede aqui como se a polícia tivesse sempre razão, como se as cargas fossem, sempre justas, como se os "criminosos" fossem os trabalhadores e como se os "crimes" dos trabalhadores justificassem estas actuações da polícia.

O Sr. Presidente: - Sr. Carlos Brito, peco-lhe o favor de finalizar a sua intervenção. O assunto que está a tratar sai da ordem dos trabalhos. Embora lenha o direito de protestar porque este problema foi aqui levantado, não tem é o direito de ultrapassar demasiadamente o tempo que lhe é destinado para fazer o seu protesto.

O Orador: - Vou já terminar, Sr. Presidente.

Os serviços de informação têm que ver com a segurança dos cidadãos e, no caso concreto, o que nos preocupa é a mentalidade que aqui é transmitida pelo Sr. Ministro da Administração Interna em relação aos trabalhadores e em relação ao movimento operário. Então é com esta mentalidade que se vão criar os tais serviços de informação? Para quê?

É este o meu protesto.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim entender, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.

nome do seu grupo parlamentar, para eu aqui vir prestar esclarecimentos e nessa altura dar-lhe-ei todas as explicações que quiser sobre este e outros casos e cada vez que algum se der.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Para prestar esclarecimentos, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Não pode, Sr. Deputado.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): -Então, para protestar, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Também não pode, Sr. Deputado.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Para exercer o direito de defesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, deseja interpelar a Mesa? É que eu não ouço o que o Sr. Deputado está a dizer.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Sim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.