disse, penso que reconheceram que a juventude portuguesa vive hoje uma situação preocupante que tem incidências no futuro do País. Os Srs. Deputados não conseguiram contestar nem desmentir este facto.

Os Srs. Deputados colocaram-me questões essencialmente sobre o período de 1974-1975.

O Sr. Deputado Agostinho Branquinho disse que os problemas que hoje se vivem no mundo do trabalho, nomeadamente os contratos a prazo, existem por culpa do PCP, invocando ...

O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): - Não disse isso!

anos - não se preocupa em alterá-la? Não será da responsabilidade do PSD a existência e manutenção desta grave situação dos contratos a prazo, que colocam à juventude um grave problema económico e social? O Sr. Deputado devia responder a esta pergunta e não perguntar-me a mim, pois nós não temos nesse aspecto responsabilidade alguma.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Disse o Sr. Deputado que a juventude está a pagar os custos da crise. Mas isso foi exactamente o que eu disse. A juventude está a pagar os custos de uma política que é contrária aos interesses do 25 de Abril.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - A juventude paga os custos de uma política que é contrária ao desenvolvimento económico e social. O Sr. Deputado não consegue contestar isto. Se o quiser fazer, faça-o com provas, ou seja, que não acontece isso porque se fez isto, aquilo, etc. Porém, Sr. Deputado, fez-se exactamente o contrário. Tudo aquilo que foi conquistado pela juventude e pelo 25 de Abril em benefício de direitos sociais e económicos da juventude foi destruído pelos governos com a sua política de direita. Esta é que é a realidade.

Aplausos do PCP.

O que os Srs. Deputados querem concluir hoje é que a situação grave e calamitosa em que hoje a juventude vive tem como causa o 25 de Abril, querendo com isso pôr em causa o 25 de Abril, para desculparem a política desastrosa que os vossos governos têm continuado a prosseguir. Esta é que é a questão central.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): - É a cassette!

O Orador: - Não diga que é cassette. Conteste o que eu disse, com factos, com números e não diga apenas que é a cassette.

Em relação ao ensino técnico-profissional, já há alguns dias tivemos oportunidade de dizer que para nós é importante e necessário que o sistema de ensino dê saídas profissionais aos jovens. Dissemo-lo e, aliás, consta de um projecto de lei apresentado pelo PCP, que o Sr. Deputado devia conhecer - e se não conhece recomendo-lhe que o leia -, onde o PCP diz claramente que o ensino em Portugal tem necessariamente de ter saídas profissionais para os jovens, quer a nível do ensino superior quer do secundário.

Contudo, o actual ensino técnico-profissional não é nada. O que é que é este ensino? Ninguém consegue explicar o que é que ele é, nem mesmo o Sr. Ministro da Educação. }á alguma vez o Sr. Deputado perguntou ao Sr. Ministro da Educação o que é para ele o ensino técnico-profissional? Obteve alguma resposta? Ele não responde porque não sabe respon der. Esta é que é a questão fundamental.

Disse ainda o Sr. Deputado que o PCP não é alternativa, que os estudantes dizem e reconhecem que o PCP não é alternativa. A verdade está à vista: o movimento associativo e as lutas dos estudantes contra a política do Governo, de ensino e deste ministro têm vindo a revelar que os estudantes estão cada vez mais com aquilo que o PCP entende ser necessário e urgente, que é a demissão do Governo e do Sr. Ministro José Augusto Seabra e a fixação de uma nova política para o ensino. Esta é que é a questão fundamental. O Sr. Deputado está a falar não com bases seguras, mas com bases irrisórias e idealistas. Não se trata de saber se os estudantes entendem ou não que o PCP é alternativa, mas sim de discutir as questões do ensino e a política de ensino do Governo - e não há nenhum estudante que consiga defendê-la. Esta é que é a questão fundamental.

Vozes do PCP: - Muito bem!