para esta bancada é a dignidade desta Assembleia da República. E, recentemente, o próprio Presidente da Assembleia da República apelou a que nós prestigiássemos este órgão de soberania. Mas, como podemos prestigiá-lo se permitimos que um deputado seja detido, seja preso, seja conduzido à esquadra num carro da polícia?

Aplausos dos PCP.

. Deputado Manuel Lopes sejam de um colega nosso da Assembleia.

Isto não quer de modo nenhum significar que, por se tratar da palavra do Sr. Deputado Manuel Lopes, portanto da palavra de um deputado, nós devemos colocá-la acima da palavra de uma autoridade.

E é isto, afinal, que o Partido Socialista pretende averiguar, é isto que queremos saber.

V. Exa. não nos deu provas nenhumas, a única informação que deu resume-se à repetição das palavras que o Sr. Deputado Manuel Lopes proferiu, ao afirmar que o comandante da polícia disse «esse conheço eu», e que lhe bateu.

Vozes do PCP: - Bateu, não, Sr. Deputado!

O Orador: - E que o deteve, que é também uma forma de agressão!

De modo que é isso que está por provar.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Sr. Deputado Narana Coissoró, com certeza que não há intocáveis neste país! Os deputados da Assembleia da República não são intocáveis!

Mas o Sr. Deputado põe as coisas de tal forma que, no fundo, pretendia que nós, na nossa apresentação aqui, puxássemos da viola e da guitarra e fizéssemos um choradinho, porque «coitadinho do Manuel Lopes, que foi detido pela polícia».

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - E o que o senhor [...].

O Orador: - Não é isso que fazemos! Partimos de uma análise realista e firme, com base na Constituição da República Portuguesa, tendo em conta que houve violação das imunidades de um deputado, partindo de factos concretos!

Quanto à questão do graduado, onde é que o Sr. Deputado já leu que ele disse que não disse? Isso não está na carta! Posso dar-lha, para o senhor ver, que, de facto, nela nada se afirma em relação ao graduado! Essa é uma posição de alguém do Governo, pelo menos de um secretário de Estado? Não sei quem foi que disse que, enfim, não foi bem como o Manuel Lopes disse, mas sim como se refere na carta. Porém, na carta não se refere uma única vez o facto de o graduado dizer ou não que o conhecia.

Mas vamos ao inquérito, vamos apurar responsabilidades e vamos dignificar esta Assembleia! Penso que isto pode unir os esforços desta Câmara, porque, Srs. Deputados, ninguém é dono da polícia, ninguém manda na polícia em termos de ser dono dela, em termos de el a pertencer a este ou àquele grupo parlamentar. É a dignidade desta Assembleia que está em causa, e, por isso mesmo, devemos defendê-la!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Taborda, há pouco V. Exa. pediu a palavra para que efeito?

O Sr. António Taborda (MDP/CDE): - Para intervir no debate, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Fica inscrito, Sr. Deputado, Srs. Deputados, a sessão foi prolongada até às 20 horas e 30 minutos ...

O Sr. Carlos Lage (PS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Lage (PS): -Sr. Presidente, fomos nós que pedimos o prolongamento da sessão até às 20 horas e 30 minutos, pois estávamos convencidos - infelizmente iludimo-nos - que era possível terminar a discussão deste pedido de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito antes dessa hora.

Julgamos que esta questão deve ser decidida hoje, porque um assunto destes deve ser tratado com a máxima brevidade, até para que o Parlamento tenha condições para proceder a um julgamento político, ou outro, sobre esta matéria. E creio que estamos todos interessados na rapidez dos trabalhos da Assembleia relativamente a um caso como este, que envolve problemas de natureza individual, problemas de dignidade do deputado no exercício das suas funções. Por isso propomos que se prolongue a sessão até terminar esta discussão.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Estamos de acordo!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Peço a palavra. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?