gumenta por analogia tem de se sujeitar a receber as réplicas que a analogia consente. Foi o que se passou. Quanto às insinuações e agora penso que posso falar assim com propriedade - das suas últimas palavras, devo dizer que da democracia portuguesa sabemos alguma coisa, das outras sabemos menos. Mas vê-se quem é democrata e como se é democrata, vê-se quem defende os interesses da classe operária, dos trabalhadores, da gente pobre do nosso país.

Protestos do PS e do PSD.

Vê-se isso nas situações concretas. Ora, esta é uma boa situação concreta para dar provas desse facto: o resto pode ser blá, blá, blá ...

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Angelo Correia.

O Sr. Angelo Correia (PSD): - Sr. Deputado Carlos Brito, o meu protesto formula-se em 3 notas muito curtas.

Em primeiro lugar, V. Ex.ª não respondeu às questões que lhe coloquei.

Em segundo lugar, desejo diagnosticar o primeiro equívoco do PCP. É que o PCP é totalmente contra esta lei e contra os serviços de informações, mas vai dizendo -disse-o o Sr. Deputado e a Câmara ouviu que é a favor de serviços de informações nas áreas da defesa e da segurança externa. Ou seja, o Sr. Deputado Carlos Brito é a favor do serviço de informações estratégicas e do serviço de informações militares: logo, o Sr. Deputado e o PCP não são totalmente contra esta proposta de lei. Há aqui um equívoco: o Sr. Deputado taça completamente a proposta de lei, mas acaba por dizer que está a favor de 2 serviços fundamentais, apenas não estando a favor do terceiro.

Mas, curiosamente e aqui está o segundo equívoco, para não dizer a segunda hipocrisia, do PCP -, quando diz e o Sr. Deputado afir mou-o em nome da sua bancada- que é a favor de um serviço de informações nas áreas da defesa e da segurança externa, afirma-o porque o Sr. Deputado admite a existência de inimigos externos, contra os quais o Estado Português tem de se prevenir. Mas se o Estado Português se previne na ordem externa, porque não admitir que tais inimigos não só actuam na ordem externa, extramuros, mas também interiormente? Por que é que o Sr. Deputado parte do princípio, cândido em política, de que fora das fronteiras podem fazer tudo, mas que interiormente nada fazem? Ou seja, fora de Portugal os serviços de informações portugueses podem actuar, mas no interior, para defender a democracia como corolário do inimigo externo que V. Ex.ª diagnosticou, tendo até considerado necessário um serviço de informações-, a democracia portuguesa já não precisa de um serviço de informações!? Seria melhor que o Sr. Deputado não tivesse produzido a última parte da sua intervenção, porque ela no mínimo é dem agógica e no normal é hipócrita.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado Angelo Correia, começo por responder às suas últimas palavras dizendo-lhe que, em matéria de hipocrisia, não temos certamente nenhuma lição a dar ao Sr. Deputado Angelo Correia.

Mas, relativamente aos aspectos mais sérios do seu protesto, quero dizer-lhe que quem rejeitou esta confusão entre defesa e segurança e a noção do inimigo interno não fomos nós, mas sim a revisão da Constituição da República realizada em 1982, como qualquer dos seus colegas deputados que participaram mais intensamente nos trabalhos da revisão constitucional o pode ilustrar. E bem precisa, Sr. Deputado Angelo Correia! O Sr. Deputado gosta de discutir estes problemas - todos nós lhe reconhecemos uma grande experiência nesta matéria -, mas para os discutir bem precisa de conhecer a Constituição. Leia e estude a Constituição para, ao menos na Assembleia da República, poder intervir nestas matérias com alguma propriedade.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Costa Andrade.

O Sr. Costa Andrade (PSD): - Sr. Deputado Carlos Brito, formulei-lhe uma pergunta mas o Sr. Deputado limitou-se a dizer que falo do que não sei.

Tenho-me por uma pessoa honesta e como honesto que sou não costumo burlar ninguém, muito menos o Regimento. Eu falava de uma coisa que não sabia e por isso usava a figura regimental da pergunta. Eu estava a fazer um pedido de esclarecimento, não costumo burlar ninguém.

Vozes do PSD: - Muito bem!

estará também na primeira linha. O Sr. Deputado Carlos Brito garantiu isso e eu também o tenho por uma pessoa séria.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.