tados que se debrucem um pouco sobre os documentos do meu partido que se referem ao 25 de Novembro.

Quanto à caça aos socialistas e também ao PPD e ao CDS no Alentejo, quero dizer-vos, com toda a sinceridade, Srs. Deputados, que isto não parte, se tal se verifica, não parte dos comunistas.

Gargalhadas.

Srs. Deputados, eu não nego que isso possa acontecer. Mas se acontece, Srs. Deputados, isso parte das massas populares do Alentejo ...

O Orador: - ...contra partidos conservadores e reaccionários.

Vozes de protesto.

Mais nada.

Uma voz: - Quem é que anda de caçadeira?

Outra voz: - Cala-te, amarelo.

Burburinho.

O Orador: - Srs. Deputados, o PC participa no VI Governo. O PC reserva-se no entanto a liberdade de poder criticar esta ou aquela medida concreta deste ou daquele departamento do VI Governo que repute em desacordo com o processo revolucionário e com a plataforma de entendimento que assinámos e que desejamos cumprir.

Quanto às medidas de austeridade, eu quero dizer que nós continuamos a pensar que as classes trabalhadoras, a classe operária, em primeiro lugar, estão inteiramente dispostas a sacrificar-se pela revolução portuguesa, desde que seja claro para elas que é da Revolução que se trata, estão dispostas a passar fome, inclusivamente. E nós temos exemplos concretos, Srs. Deputados. Nós verificamos que no Alentejo os assalariados agrícolas, os pequenos camponeses, após a Reforma Agrária, nas herdades colectivas, em muitos casos não recebem salários há meses e meses e aguentam-se e passam fome, porque sabem e têm a consciência que é da Revolução que se trata, que é deste país que se trata.

O que nós não podemos aceitar é a redistribuição da riqueza hoje contra as classes trabalhadoras e a favor dos capitalistas. Ah, isso não! A favor dos banqueiros, não, Srs. Deputados! E é isso que parece vir a ser a tendência que se verifica, nalguns Ministérios pelo menos, no VI Governo Provisório.

Uma voz: - São 4 milhões que lá tem ...

Uma voz: - É, é, são 4 milhões para os banqueiros.

O Orador: - Sr. Deputado ...

Uma voz: - É comigo?

O Orador: - Sr. Deputado, eu tive o cuidado de falar de ditaduras antipopulares. Há, de facto, ditaduras que são antipopulares, Srs. Deputados.

Há, de facto, ditaduras, isto é, situações de força, que não são antipopulares, Srs. Deputados. São todas aquelas em que uma maioria do povo, pela força, reprime os antigos exploradores. Em todo o caso ...

Uma voz: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador:-... eu aconselhava o Sr. Deputado a ler alguma coisa sobre o movimento operário.

Uma voz: - Isso é democracia, não é ditadura!

O Sr. Manuel Gusmão (PCP): - Tu não dizes que és de um partido marxista?

Burburinho.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Fazem favor de não interromper. Não é permitido pelo Regimento esse tipo de interrupções.

O Orador: - Em relação a Trás-os-Montes, Sr. Deputado, eu de forma alguma pretendo realmente atacar o povo de Trás-os-Montes, ainda que possa aceitar que certas camadas do povo transmontano possam ser ludibriadas e iludidas temporariamente.

Uma voz: - Como as do Alentejo!

O Orador: - De resto, o Sr. Deputado está aqui eleito pelos que votaram no PPD.

Entretanto, eu podia citar alguns exemplos de violências cometidas contra os comunistas, não pelo povo de Trás-os-Montes mas pelos elps, pelo ELP, com indicações até nos carros, com uma pistola-metralhadora à frente do carro. Como um caso em que se tentou regar de gasolina, na Régua, um militante destacado do PCP.

Uma voz: - Mentira, Sr. Deputado.

O Sr. Amândio de Azevedo (PPD): - Factos isolados não permitem interpretações genéricas, e, aliás, verificam-se em todo o mundo.

O Sr. Presidente:- Sr. Deputado: Faça favor de concluir a sua resposta.

O Orador: - Olhe, Sr. Presidente, eu considero respondido. -

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Muito obrigado. Estamos, portanto, no prolongamento do período de antes da ordem do dia.