O Sr. Presidente: - Peço silêncio. Tenha a bondade de continuar, Sr. Deputado.

O burburinho continua.

O Sr. António Campos (PS): - Bom, que o Sr. Sá Carneiro se vá negando, variando de tonalidades consoante a paisagem, não me impressiona.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - E o Soares?

Burburinho.

Agitação na Sala.

O Orador: - Agora que homens íntegros...

Vozes de protesto do PPD .

... por quem tenho muito respeito serpenteiem com ele já me impressiona bastante.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para além das eleições há um país real, a que todos, sem excepção, devem a responsabilidade dos seus actos.

E o Governo, o VI Governo, tem de exigir aos partidos que dele fazem parte a política séria da verdade e da responsabilidade.

Aplausos.

Vozes de protesto do PPD.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Fazem o favor.

Continua o burburinho.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Peço a atenção da Assembleia, e não se esqueçam até que as interrupções deste tipo só servem para retardar a hora do interveniente, não é?

Faça favor de continuar, Sr. Deputado António Campos.

O Orador: - Há muito que fazer, e o tempo urge. A crise do sector agrícola só será vencida quando for vencida a crise global.

Mas de imediato é fundamental: Definir uma política de garantia de preços e de escoamento de produtos;

b) Instalar rapidamente uma rede de frio que garanta a conservação dos produtos;

c) Reestruturar os circuitos comerciais;

d) Definir uma política regional de investimentos no meio rural, de modo a ser lá investida uma parte dos depósitos a prazo e das remessas dos emigrantes dessas regiões;

e) Planear o desenvolvimento industrial nas zonas de maior índice demográfico ligado à lavoura;

f) Criar legislação que ajude a incrementar a cooperação agrícola;

g) Criar o seguro social contra riscos, resultantes de acidentes climatéricos ou fitopatológicos.

Estas são aspirações que os agricultores e o Governo devem rapidamente deitar anãos.

Os homens do Norte que se organizem e reivindiquem a solução dos seus problemas, os do Sul de igual forma. Agora manobrar os portugueses de regiões contra regiões é obra de organizações sinistras, que nada têm a ver com os sentimentos de paz, justiça e liberdade do povo português.

Aplausos de pé.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Assembleia. Restam-nos simplesmente dois minutos. E nestes dois minutos duas pessoas para tirar esclarecimentos é impossível. Será portanto uma delas, se houver tempo, até à hora que está marcada e decidida. Não sei qual dos dois está em primeiro lugar. Para mim é indiferente, qualquer destes.

Sr. Deputado Ferreira Júnior, para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Ferreira Júnior (PPD): - Eu perguntava ao Sr. Deputado que falou se tem conhecimento que a posição do Partido Popular Democrático em relação ao texto que foi aprovado, numa reunião em Belém, e que nós também aprovámos e que continuamos a aprovar, significou uma tentativa de corrigir erros da Reforma Agrária. Nós aprovámos essa tentativa como válida, mas perguntamos se o Sr. Deputado sabe que na aprovação da Reforma Agrária, nós pusemos reservas, e até hoje nunca aprovámos a Reforma Agrária tal como ela totalmente está sendo feita ou foi decretada. Nunca a aprovámos em parte nenhuma. Pusemos-lhe reservas, mas aceitamos aquele texto como uma tentativa de corrigir uma reforma que, no fundo, nós nunca aprovámos.

Burburinho. Apupos.

Manifestações diversas na Sala.

(O orador não reviu.)

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Atenção, atenção ...

Prosseguem as trocas de palavras.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Assembleia para a intervenção do Sr. Deputado Amaro da Costa, que quer pedir um esclarecimento, e que espero que suja rápido.

O burburinho prossegue.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - É muito rápido, Sr. presidente: Apreciei imenso a intervenção do Sr. Deputado António Campos, ...

O Sr. Manuel Pires (PS): - Tinha que ser...

O Orador: - ... e queria fazer-lhe uma pergunta muito concreta: está o Sr. Deputado de acordo com a tese do Sr. Ministro Lopes Cardoso, segundo a qual não existe verdadeiramente em Portugal uma lei de reforma agrária, mas tão-só uma lei de expropriações?

(O orador não reviu.)