Vozes (em coro): - Ah! Ah!

O Orador: - E é, talvez, nesta perspectiva, e só nesta, que o problemas deve ser equacionado. Este é o ponto fundamental.

E seria importante que o Partido Socialista compreendesse que se trata para nós de contrapor à sujeição da Constituição ao Conselho da Revolução, a sujeição da Constituição ao voto do povo português.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em terceiro lugar, o Sr. Deputado José Luís Nunes Fez um paralelo co o plebiscito de 1933, plesbicito em que, como toda a gente sabe, por um lado não houve antes Assembleia Constituinte, por outro não houve campanha eleitoral, não havia partidos, não havia vida pública, não havia pluralismo, não havia liberdade de expressão, havia perseguição à oposição, etc., e foi um plebiscito em que as abstenções contaram como votos a favor.

Fez um paralelo com o plebiscito de 1933, mas eu não compreendo a razão desse paralelo, uma vez que, agora, temos Assembleia Constituinte, temos partidos, temos liberdade de expressão, temos pluralismo e os diferentes adversários políticos não são perseguidos. Pelo contrário, estamos aqui a dialogar e estamos aqui a tentar construir a democracia. Não percebo a razão desse paralelo.

Uma voz: - Muito bem!

Manifestações na sala.

...queremos uma Constituição duradoura.

Uma voz: - E burguesa.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado em matéria de pedidos de esclarecimentos entrou vastamente no capítulo das alegações.

Faça o favor de sintetizar a sua pergunta.

Eu peço a atenção da Assembleia, por favor.

O Orador: - Queremos uma Constituição duradoura, e uma Constituição só pode ser duradoura quando for uma Constituição assente no mais amplo consenso de todas as forças políticas portuguesas.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para pedido de esclarecimento tem a palavra o Sr. Deputado Moura Guedes.

Temos só cinco minutos.

O Sr. Moura Guedes (PPD): - Eu queria perguntar ao Sr. Deputado José Luís Nunes o seguinte: se o Sr. deputado tem receio do referendo com medo de que a vontade do povo português, expressa através dele, possa vir a revelar uma vontade antidemocrática, isto é, se tem medo da vontade do povo e se desconfia desse povo, ou se o seu receio é outro: o de que essa consulta, desfazendo certos equívocos, venha a revelar o que hoje parece evidente, a existência de um generalizado sentimento popular antimarxista.

Uma voz: - Muito bem!

Outra voz: - Reaccionário!

O Orador: - Aliás, concidente na aparência, com a linha partidária revisionista que resulta de recentes declarações pré-eleitorais do Dr. Salgado Zenha...

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Traidor.

O Sr. Presidente: - Um pedido de esclarecimento do Deputado Barbosa de Melo.

Peço a atenção da Assembleia.

Quero informar que às 12 horas e 15 minutos, irrevogavelmente, encerro este período, ficando para a parte da tarde a continuação dos pedidos de esclarecimento.