O Sr. Presidente: - Sr. Deputado o tempo não deixa, efectivamente ...
O Orador: - Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.
... e que, na sua tosca ingenuidade, aqui se deixam como estímulo ao poder de observação e como desafio à capacidade profética dos Srs. Deputados.
Responda-lhes para já quem souber.
Uma voz: - Viva o capitalismo.
Outra voz: - O de Santa Comba Dão dizia a mesma coisa! ...
O Orador: - A história, a história, essa seguramente o fará a seu tempo. E muito antes disso o povo português quando for chamado a pronunciar-se sobre o que se passa no seu país e sobre os partidos que tem. Ele povo, que, ao contrário do que às vezes se pensa, sabe as respostas certas para muitas perguntas.
Uma voz: - Muito bem!
O Orador: - E que, ainda por cima, dispõe de uns excelentes olhos e de um óptimo ouvido, sem falar de uma notável memória.
O que às vezes, convenhamos, não será muito cómodo para alguns, que falam de mais e se exibem. excessivamente.
Tenho dito.
(O orador fez a sua intervenção na tribuna.)
Uma voz: - Como fizeste agora.
Vozes de protesto.
Aplausos do PPD.
Vozes:- Bis, bis!
O Sr. Presidente: - Temos alguns Srs. Deputados inscritos para pedir esclarecimentos.
Pausa.
O Sr. Deputado Romero de Magalhães tenha a bondade.
O Sr. Romero de Magalhães (PS): - Apesar da imagética difícil do Sr. Deputado, no entanto, suponho ter entendido alguma coisa dá sua peroração. Gostaria de ser esclarecido acerca de vários pontos, nomeadamente, se considera o Sr. Deputado que foi o silêncio do PPD que impediu o desvio gonçalvista da revolução portuguesa.
Vozes: - Muito bem!
Aplausos.
O Orador: - Como explica o Sr. Deputado a ambiguidade e as hesitações do seu partido quando do fim da coligação que foi o IV Governo Provisório? Quem foi que impediu a marginalização política do PPD durante os meses de Verão, que foram o apogeu do gonçalvismo?
Burburinho.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Quanto à referência às sociais-democracias europeias, queria explicar também, e no meio destas perguntas, que me foi dito, a mim, pelo primeiro-ministro dinamarquês Anker Jorgensen, que, numa entrevista ao Sr. Pinto Balsemão, infelizmente não já Deputado nesta Assembleia, este lhe dissera que o Partido Popular Democrático não era um partido social-democrata, ...
Uma voz: - Fascista.
O Orador:-... mas sim um partido liberal como qualquer outro dos partidos liberais europeus. Quem anda a utilizar (outra pergunta que eu queria fazer), qual é o partido que anda a utilizar, nesta Casa, para efeitos de propaganda eleitoral, e num sentido como que insultuoso, vindo de quem vem, a expressão de «marxista», aplicada de uma maneira que pretende confundir o Partido Socialista com o marxismo ortodoxo de tipo partido único, e que o Sr. Deputado aí nessa tribuna hoje referiu, e que, aliás, estranhamente, coincide com o slogan reaccionário utilizado em Braga no último plenário dos agricultores?
Afinal, quem fez o plenário de Braga, foram os agricultores ou foi o PPD?
(O orador não reviu.)
Uma voz: - Ele é o cacique.
A Sr.ª Fernanda Seita (PS): - Coincidências ...
O Sr. Agostinho do Vale (PS): - Acanalha é sempre a mesma.
O Sr. Presidente: - Temos numerosos Deputados inscritos para pedir esclarecimentos. Eu solicitava a todos que se cingissem ao tempo regulamentar.
O Sr. Deputado Casimiro Paulo Santos.
O Sr. Casimiro Paulo Santos (PS): - Eu ouvi com atenção a exposição do Sr. Deputado do PPD, e creio que mesmo intencionalmente, não é, procurou esquecer, se é que para o Sr. Deputado do PPD houve mesmo o perigo contra a democracia, aquando do 28 de Setembro, aquando do 11 de Março, à tentativa dos golpes reaccionários fascistas, onde é que esteve o PPD, o que é que fez o PPD, para defender a Revolução, que diz que quer também estar com a Revolução?
(O orador não reviu.)
Uma voz: - Estava em casa de chinelas.
O Sr. Presidente: - O Deputado José Luís Nunes.
O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: Eu desejava fazer a seguinte pergunta, mas antes de mais, um comentário de um segundo: é que nós temos tida momentos dramáticos nesta Assembleia, mas pela primeira vez na vida temos um momento que nos divertiu a todos de uma forma bastante grande, e isso devemo-lo ao orador que antecedeu.
Vozes: - Muito bem!