O Orador: - Eu lembrava-lhe mais outra coisa sobre esse conceito da neutralidade, eu lembrava-lhe o que aconteceu durante a guerra civil espanhola: é que muitos Governos da Europa e dos Estadas Unidos eram neutrais, eram neutrais embora. simpatizassem coar a República Espanhola ...
Uma voz: - Tal eles agora! Entre o fascismo e a revolução eram neutrais.
O Orador: - Eram neutrais, mas com essa neutralidade, e como diz o meu camarada, o que aconteceu, e os Srs. Deputados sabem, foi o que Hitler e foi o que Mussolini puderam continuar a apoiar e a ajudar a esmagar a luta do povo espanhol.
O Sr. Cunha Leal (PPD): - Com o auxílio da Rússia.
Burburinho.
O Orador: - Foi para isso que essa neutralidade se sofreu. Portanto, Srs. Deputados ...
Manifestações diversas.
Portanto, Srs. Deputados, eu não tenho praticamente mais nada a dizer.
(O orador não reviu.)
Aplausos.
Vozes de protesto.
Vozes: - Não gostam de ouvir?!
O Sr. Presidente:- O Sr. Deputado Coelho dos Santos está a pedir a palavra, não sei para que motivo. Agradecia dissesse qual o motivo do seu pedido de palavra.
O Sr. Coelho dos Santos (INDEP.): - Para um protesto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Um protesto?!
Queira formulá-lo.
O Sr. Coelho dos Santos (INDEP.): - Não sei se a afirmação do Sr. Deputado Manuel Gusmão quanto a hipocrisia se refere directamente a mim ou à pergunta que eu formulei.
Se porventura se referisse, eu porventura teria de a repudiar e devolver directamente à procedência.
Não aceito que, no direito que qualquer Deputado tem de manifestar as suas opiniões, mesmo com o maior sectarismo,...
... quando um Deputado formula uma pergunta e diz que entendia que, dentro das normas do direito internacional, não aceita a intervenção de potências estrangeiras num Estado independente, seja ela a intervenção das brigadas azuis ou vermelhas em Espanha.
O Sr. Vital Moreira (PCP): - Estou esclarecido.
O Orador: - Quando condena, igualmente, a intervenção nazista ou social-fascista, acho que fazer processos de intenção é, pelo menos, desonesto. Aqui deixo o meu protesto.
(O orador não reviu.)
O Sr. Presidente: - O seu protesto ficará registado. Não temos possibilidade de abrir diálogo sobre este assunto. O protesta está registado.
O Sr. Manuel Gusmão (PCP): - É o direito de resposta, uma vez que o Sr. Deputado pôs em causa a minha intervenção.
O Sr. Presidente: - Então, agradecia que o Sr. Deputado fosse o mais sucinto possível e que se cingisse ao ponto de natureza pessoal que foi levantado pelo Sr.. Deputado.
O Orador: - Portanto, eu creio que fui claro quando comecei a responder que a acusação de hipocrisia, desenfreada hipocrisia, etc., não se referia ao Sr. Deputado. Referia-se mais até ao tipo de aplausos que imediatamente surgiram e ao tipo de questões e ao tipo de posições que se demarcam por detrás dessa pergunta.
E não era um processo de intenção. Porque quando se analisam estas posições, nós temos inclusivamente por recurso fácil ao conhecimento da história, e quando essas posições se têm afirmado assim, nós vemos geralmente a que, conduzem os seus resultados.
Portanto, podemos fazer uma análise a esta posição jogando os dados do problema. Vê-se a que é que levaria a continuidade dessa posição. Essa posição levaria a isto, e, em face disso, fazemos a acusação. Não é um processo de intenção, é um processa que deriva da análise do processo histórico.
(O orador não reviu.)
O Sr. Presidente: - Bem, Srs. Deputados, tenho de fazer um apelo a todos no sentido de auxiliarem a Mesa a conseguir que se respeite o Regimento no que diz respeito ao tempo que está atribuído ao período de antes da ordem do dia.
Este período está findo e neste momento retomamos os nossos trabalhos de ontem na
Vamos, portanto, prosseguir ...
O Sr. Deputado o que é que deseja?
O Sr. Romero Magalhães (PS): - Desejo saber, Sr. Presidente, se fico com a palavra reservada.
O Sr. Presidente: - Oh! Senhor, já lhe disse que sim!
O Sr. Romero Magalhães (PS): - Não foi não. Não foi.
O Sr. Presidente: - Então se não foi dito, houve talvez deficiência de expressão da minha parte.