O Orador: - E se eu digo uns e outros ...

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Já estamos fartos dessa. Essa já é velha.

O Orador: e se eu digo uns e outros não é de estranhar, pois muitos do primeiro grupo são filhos dos do segundo.

Como não podia deixar de ser, a acompanhar o PPD e o CDS aparece também o PPM, com os seus condes, duques, toureiros e ganadeiros, saudosos das grandes coutadas e das touradas à antiga portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O pior é que se servem miseravelmente, até, de pequenos e médios agricultores para atacarem a Reforma Agrária e, por esta, os nossos camaradas trabalhadores rurais.

Uma voz: - Muito bem!

O Orador: - Partidos que praticam esta política só têm um nome: reaccionários!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois são os nossos camaradas trabalhadores rurais, os mais escravos entre os escravos, que produzem o pão, e o pior pão comem; são eles que produzem o arroz, e o pior arroz comem; são eles que produzam a fruta, e nem eles, nem os seus filhos, na maior parte das vezes, têm direito a ela.

Para que os parasitas, que nada fazem, tenham boas vivendas, bons carros, comam bem e estraguem melhor.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Qualquer forma de exploração social tem de ter o seu fim cronológico.

E nós, trabalhadores, que tudo produzimos, ternos bem consciência disto, lutamos e lutaremos para que os bens essenciais à nossa. subsistência e à das nossas famílias, os bens essenciais à nossa dignidade humana, não continuem a ser monopolizados e concentrados nas mãos egoístas de alguns burgueses.

Senhores representantes da burguesia capitalista, escusam de afiar os dentes, porque a reacção não passará ...

Uma voz: - Muito bem!

O Orador: - ... a ela responde a nossa consciência de classe e a nossa organização.

Ao contrário do que pensam, pois nós, operários, independentemente de sermos socialistas ou comunistas, estamos e estaremos unidos, na defesa das conquistas alcançadas e na luta por outras conquistas.

E unidos estamos ...

Vozes: - Muito bem!

Aplausos vibrantes e prolongados.

O Orador: - E unidos estamos com todos os explorados. Para nós, a luta não pára, a nossa meta é o fim da exploração do homem pelo homem.

Tenho dito.

(O orador não reviu, tendo feito a sua intervenção na tribuna.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Não há pedidos de esclarecimento?

Pausa.

Antes de conceder a palavra ao orador que se segue, que será a Sr.ª Deputada Hermenegilda Pereira, quero informar a Assembleia de que entrou na Mesa um protesto do Sr. Deputado Mendes Godinho contra a deliberação do Presidente, em não lhe ter permitido usar da palavra, e fê-lo e continuará a fazê-lo sempre em circunstâncias iguais, pois não se tratava, efectivamente, de um direito de resposta, mas simplesmente, e quanto a mim, de uma troca de impropérios entre os dois Deputados.

Pausa.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Hermenegilda Pereira.

dispensar-nos alguns comentários sobre o que sucedeu naquela empresa, sobre o que noutras empresas vem sucedendo, sobre o esforço de recuperação capitalista a que vimos assistindo e sobre os riscos para as liberdades que tal recuperação acarreta.

O que sucedeu na Têxtil Manuel Gonçalves é exemplar. Na altura da intervenção do Estado na empresa, em fins de Julho, princípios de Agosto do ano passado, o patronato, sentindo-se isolado e ameaçado por um poder democrático, desencadeou múltiplas acções violentas contra os militantes sindicais mais activos na empresa, procurou impedir que a