crocodilo» pelo drama, pela tragédia daqueles que regressaram das colónias privados de tudo; chora «lágrimas de crocodilo» porque foi efectivamente o regime fascista que causou esse drama, essa tragédia. A direita esquece isso.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos de pé.

O Orador: - Eu pergunto: a direita quer-se apresentar como força nacional e patriótica, insinuando que aqueles que vieram depois 25 de Abri1, os democratas e os progressistas, são uma espécie de antipatriotas?

Mas quem é antipatriota?

É a direita que dá a cobertura nos Açores a processos de independência e de secessão dessas ilhas, ou são democratas e patriotas aqueles que defendem que os Açores deviam ser autónomos, mas integrados no todo português?

Quem é quer é antinacional?

É a direita, ou são as forças democráticas como o PS?

Creio que a resposta é fácil...

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção do Sr. Deputado, terminou o período da sua intervenção.

O Orador: - A direita finge ser patriota apenas para tirar objectivos políticos de uma campanha dirigida em Portugal contra as forças que fizeram o 25 de Abril e que fizeram a descolonização. Mas a direita procura especular em Portugal com a crise económica. Esquece que a crise económica se desenhava e que estava já em vias de deflagrar antes do 25 de Abril.

É claro que a Revolução veio perturbar alguns mecanismos do sistema capitalista e tornar a crise mais grave num contexto internacional desfavorável. Mas a direita quer insinuar que é a Revolução, que é o Partido Socialista, que, por uma má gestão económica, por uma política económica deficiente, não conseguiu resolver os problemas económicos do País.

Claro que se verificou a ausência de uma política económica global e eficiente, mas a direita não tem autoridade moral nem soluções económicas. Ainda não apresentou nenhuma. Cada vez que se pronuncia é para especular com os problemas do povo, com as dificuldades do desemprego, com a subida do custo de vida.

Mas soluções novas não as apresenta. As suas soluções estão na recuperação do capitalismo, na repressão futura e de que temos indícios através do regresso do patronato deste país com o aplauso da direita ...

Aplausos.

... e com a cobertura de todos os órgãos de informação direitistas.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

Uma voz: - Fora com os fascistas.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Torno a chamar a sua atenção de novo, tem de terminar a sua intervenção.

Poderá ficar com a palavra noutro dia ...

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados ...

O Sr. Presidente: - ... não quero abrir excepções de maneira nenhuma; faça o favor de terminar a sua intervenção.

O Orador: - Sim, eu vou terminar, peço desculpa por estar a prolongar-me demasiado.

Mas, antes de terminar, eu queria aqui constatar que a direita tem muitos aliados neste país, e alguns desses aliados disfarçam-se até de grupos de extrema esquerda. Esta é outra história, muito complexa, que não vale a pena estar aqui a desenvolver porque já não tenho tempo.

Vozes: - Muito bem!

Socialista mobilizar todo o povo para a consolidação das conquistas democráticas e para o avanço para o socialismo. E desmascarar muito claramente a direita, acusá-la daquilo que ela é, mostrar ao País o que é a direita - que, fingindo de democrata, fingindo-se social-democrata e muitas outras palavras, está neste momento a fazer em Portugal um jogo obscuro, um jogo reaccionário que pode levar não só à venda de conquistas importantes da Revolução mas pode, também, trazer a Portugal uma nova ditadura ou um regime autoritário de direita conforme melhor servir essa direita as forças capitalistas nacionais e internacionais que representa.

(O orador fez a sua intervenção na tribuna.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos de pé.

O Sr. Presidente: - Terminou o período, prolongado por mais dois minutos, que eu tomarei em conta na intervenção de qualquer outro Sr. Deputado nas mesmas circunstâncias.