Alguém mais deseja inscrever-se além do Deputado Avelino Andrade?

Uma voz: - Alberto Avelino.

O Sr. Presidente: - Queira desculpar, Alberto Avelino.

Estão portanto três Deputados inscritos para pedir esclarecimentos.

Está concluída a inscrição.

Pausa.

Sr. Deputado Casimiro Paulo dos Santos também.

Eu pedia aos Deputados inscritos o favor de se esforçarem por não ultrapassarem o tempo que lhes atribui o Regimento.

Sr. Deputado José Luís Nunes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agora, o segundo ponto que eu gostaria de focar não é esse. É que o Sr. Deputado, na afirmação que fez, disse que a nossa posição de querermos governar sozinhos era antidemocrática.

Ora bem, na Inglaterra, os camaradas e nossos amigos, camaradas também, em relação a si, do Partido Trabalhista inglês, querem governar sozinhos. Na Suécia, o Sr. Olof Palme quer governar sozinho. Na Alemanha, o Sr. Willy Brandt quer governar sozinho. Em toda a parte os partidos querem governar sozinhos. Portanto, eu pergunto: submetendo-nos, como nós nos submetemos, ao jogo eleitoral, a sua afirmação de que o desejo de governar sozinhos é antidemocrática trata-se de uma crença firme ou de uma propaganda política perfeitamente desculpável, se for aceite como tal?

O segundo aspecto é o seguinte: é o social-marxismo.

Eu li algumas obras do Sr. Dr. Alfredo de Sousa, antes até de o conhecer. Não sei onde é que ... estou à procura.

Uma voz: - Está ali.

O Orador: - Ah! ... Antes até de ter o prazer de o conhecer. Conheço, graças a si, o seu excelente curso de Economia Política na Faculdade de Economia de Lisboa.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Excelente?!

O Orador: - Pergunto-lhe se uma pessoa como o Dr. Alfredo de Sousa não tem um certo repúdio em usar uma expressão dessas que entra em contradição com todo o seu passado de investigador, cientista e de professor, e que efectivamente, mesmo na propaganda eleitoral, o faz de certa maneira cair ao nível que nem a sua obra nem a sua pessoa merecem.

(O orador não reviu.)

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Vital Moreira para o mesmo efeito.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Deputado: Ao ouvir a sua curiosíssima intervenção, julgaria tatuar conhecimento do estado catastrófico da economia, que estava a ouvir, há uns meses atrás, o libelo contra a negregada política económica gonçalvista. Cheguei à conclusão de que estava a falar da política económica do VI Governo. Queria fazer-lhe algumas perguntas.

Em primeiro lugar qualificou a luta dos trabalhadores pela defesa dos seus direitas como sabotagem económica. Para além de ser essa a qualificação que todo o bom burguês que se preze atritos às lutas dos trabalhadores, eu queria fazer esta simples pergunta, Sr. Deputado: se o aumento dos preços dos bens essenciais, a congelação da contratação colectiva e a falta de apoio a trabalhadores em dificuldades por saneamento de patrões, etc., se não se pode isso qualificar como sabotagem aos direitos e às lutas dos trabalhadores.

O Sr. Deputado queixou-se de que infelizmente, e certamente contra os seus desejos, a Intersindical ainda existe, e, pelo que parece, cada vez existe mais. Tanto assim que justificou o ataque descabelado do Sr. Deputado. Quero perguntar se esse ataque à Intersindical - por agora, por palavras - é apenas um prenúncio de um outro ataque, certamente mais eficiente, do que seria um governo do PPD contra a Intersindical e contra quaisquer organizações de trabalhadores. Porque eu faço justiça ao Sr. Deputado de crer, que ao falar na Intersindical, que quer referir qualquer organização dos trabalhadores que lute pelos seus direitos.

O Sr. Deputado afirmou também que o programa do PPD em confronto, inclusivamente com a do VI Governo, seria um programa bem mais realista e efectivo. Estava a referir-se, creio, ao programa provável do PS. E eu pergunto: bem mais realista e efectivo ao serviço de quê? Bem mais realista e efectivo em reprimir as lutas dos trabalhadores? Bem mais realista e efectivo em fazer subir os preços dos bens essenciais? Bem mais realista e efectivo em fazer congelar a contratação colectiva? Bem mais realista e efectivo em liquidar a Intersindical? Bem mais realista e efectivo em continuar a endividar o Estado? Bem mais realista e efectivo em continuar a aumentar a dívida nacional?

Fico por aqui, Sr. Deputado, para não se assustar.

E será que esse programa bem mais realista e efectivo é bem mais pronunciado na política do Sr. Mi-