aquilo que acabo de ouvir da boca do Dr. Biscaia. Não me espanta. Faz-me lembrar efectivamente a sua posição anterior. Simplesmente, tenho a impressão que o Dr. Biscaia fará justiça de que ninguém esquecerá - e nas bancadas do PPD com certeza não esquecem - de que as culpas serão efectivamente, em grande parte, atribuídas ao regime anterior.

Neste momento, e segundo a sua boca, alguém está interessado em se esquecer.

Tenho a impressão de que o Dr. Biscaia nos fará justiça também, que o PPD não esquece.

Estou plenamente convencido ...

Uma voz: - Estás, estás!

O Orador: - ... de que, e como afirmou o Dr. Biscaia, livre de oportunismos e demagogias, alguém e alguns dizem mal de tudo e de todos.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Muito bem!

O Orador: - Também o Dr. Biscaia disse: «revendo a posição com humildade» e eu só queria fazer a pergunta ao Dr. Biscaia, meu amigo: como vai justificar a sua posição neste momento na Assembleia Constituinte depois de tudo o que afirmou. Quer dizer, como é que vai justificar perante a dúvida, perante a confusão do povo português, perante uma outra confusão da posição dele aqui na Assembleia Constituinte.

(O orador não reviu.)

Uma voz: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Dou a palavra ao Sr. Deputado Florival Nobre.

O Sr. Florival Nobre (PS): - Estou de acordo com o Sr. Deputado Biscaia quando se refere à via para o socialismo - e só esta pode resolver os problemas do povo português. E eu pergunto se na sua intervenção, quando se refere à direita reaccionária, engloba todos os partidos que defendem o velho sistema capitalista, que não interessa a ninguém.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para responder. Está no seu direito.

Vozes: - Muito bem!

É precisamente a essas forças que se aproveitam do descontentamento, da descrença de muitos da Revolução, que eu quis referir-me nesta minha exposição.

Pausa.

Quanto ao Sr. Deputado Aguiar, não percebi bem a sua pergunta. Ou por outra, creio que queria dizer: como é que eu justifico a minha posição neste lugar?

Eu justifico-a pura e simplesmente assim: eu estou aqui porque fiz um contrato na campanha eleitoral com o eleitorado do povo português. E disse na campanha eleitoral o que disse sempre aqui. E, portanto, entendo que estou neste lugar perfeitamente à vontade e com toda a justiça e com toda a legitimidade.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao Sr. Deputado Nobre, pois é uma concepção que o Sr. Deputado com certeza tem de que a social-democracia não poderá conduzir ao socialismo.

Eu exprimi a minha maneira de pensar também. Respeito a sua. Mas gostaria também, como aliás isso é evidente, com certeza, que o Sr. Deputado respeitasse a minha.

Eu estou absolutamente crente de que neste país, neste momento, só através de uma via social-democrática autêntica, ...

Uma voz: - Toma!

O Orador: -... com reformas profundas e estruturais, não andando para trás, mas andando sempre para a frente, e tendo como meta e como ideal o socialismo em liberdade, pois eu entendo que realmente só através desta via se poderão resolver para já os problemas mais instantes, os problemas que re-