esclarecimento ao Sr. Deputado Santos Cobra. Mas, antes, queria dizer-lhe, pelo menos no que me toca a mim, e estou convencido no que toca à grande maioria dos Deputados deste Partido aqui representado, que nós, por difíceis que sejam os tempos, continuamos fiéis ao socialismo humanista e democrático que consta do nosso programa.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - O único verdadeiro.

Burburinho.

O Orador: - As duas perguntas que queria fazer eram as seguintes: Por onde é que o Sr. Deputado Santos Cobra afere essa fidelidade ao socialismo da parte do nc13so Partido? É na votação global da Constituição, que havemos de fazer, conforme o nosso. Regimento prevê, votação global que será de algum modo a ratificação de todos os preceitos de carácter socialista já votados, incluindo aqueles que dizem respeito à Reforma Agrária, ou é, pelo contrário, aqui neste n.º 2 do artigo 63.º? O que é que tem maior significado? O que tem real significado?

Em segundo lugar, queria perguntar se o Sr. Deputado Santos Cobra considera que pode haver democracia se a opção feita uma vez pelo povo, através dos processos democráticos, vai vincular de uma vez para sempre esse povo, se não há possibilidade em democracia, e se essa não é precisamente uma das características de democracia, que o povo mude de opinião. Nós entendemos que devemos fazer o máximo de esforços, nomeadamente no campo da educação e no campo de efectivas reformas que levem a grande massa de explorados a sentir que os seus interesses estão ligados ao socialismo, nós pensamos que devemos fazer o máximo para convencer o povo de que é o socialismo que pode resolver os seus problemas, mas não podemos impor a esse povo, contra a sua vontade ...

Vozes de protesto.

Burburinho.

... um qualquer socialismo.

Eram estas as perguntas que queria formular ao meu amigo Deputado Casimiro Cobra.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Poderá responder, Sr. Deputado?

O Sr. Casimiro Cobra (INDEP.): - Sr. Presidente: Em relação ao Sr. Deputado Jorge Miranda, queria fazer-lhe a justiça de que efectivamente continuo a acreditar que ele, Jorge Miranda, está efectivamente interessado na construção do socialismo e rendo-lhe aqui essa homenagem.

Vozes: - Muito bem!

Burburinho.

Acho que é mais significativo, também é que quando o Sr. Deputado Jorge Miranda fala na alternância, é lógica, efectivamente, essa alternância. Más é bom não esquecermos que existiram fascistas e fascismo; que eles entram pela porta aberta deste país; passam três dias na cadeia, com as promessas que dantes tinham os nomes que lhes chamavam por todas as formas e feitios, apresentam três ou quatro requerimentos e são postos em liberdade como se nada fosse com eles.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece-me que qualquer dia teríamos o Marcelo Caetano como candidato a ganhar eleições e nós a gritarmos aviva o socialismo».

(O orador não reviu.)

Aplausos.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Vital Moreira tenha a bondade.

Uma voz: - Isso não é verdade.

O Orador: - E é isto que está aqui em causa. Só isso é que pode justificar esta extraordinária afirmação aqui ouvida há momentos de que a consagração constitucional de que o Governo define e executa a sua política por forma a corresponder aos objectivos da construção do socialismo impediria que um partido não socialista ganhasse as eleições.

Temos para nós que não é por estar aqui na Constituição que o Governo deve definir e executar a sua política por forma a corresponder aos objectivos da construção do socialismo que o PPD ou o CDS, se porventura ganhassem as eleições, fariam isso mesmo. Partidos da burguesia reaccionária nunca podem realizar o socialismo.

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - E os partidos do estrangeiro? E os partidos do Leste?