Como professor de Direito Administrativo, eu sublinho que também fui aluno do Marcelo Caetano. Eu falo em mestres políticos, que é uma coisa diferente.

Agora, o segundo ponto da questão é o do Sr. Deputado Moura Guedes. Evidentemente que o tom muda imediatamente. O Sr. Deputado Moura Guedes criticou o facto de eu pôr a mão na anca. É um método como outro qualquer. Falou no mercado da Ribeira. Pais talvez ali se passe isso. Falou no «orgulhosamente sós». Ele nunca falou em «orgulhosamente sós». Ele a que diz é que quer que o seu partido governe sozinho, acompanhado tão-só pelo povo português. E subjacente a esta expressão não há «o orgulhosamente sós» salazarista, mas «o antes sós que mal acompanhados», que tanto indigna os Deputados do PPD.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador. - Quanto ao resto do feijão frade e outras poisas do estilo, eu devo dizer ao Sr. Deputada Moura Guedes que, por mais violento que possa ser, nem sou capaz de entender essas vulgaridades nem de descer ao nível delas. Portanto, a essa parte não respondo.

Agitação na Sala.

Em segundo lugar, temos uma outra pergunta, que é do Sr. Deputado Nuno Rodrigues dos Santos, meu querido amigo e pai de dois dos meus maiores amigos, e cuja casa frequentei muitas vezes e onde fui fidalgamente recebido enquanto era estudante da Universidade. Evidentemente que aqui não há nenhum ataque ao Dr. Rodrigues dos Santos, em particular, mas ao secretário-geral do seu partido, o que é _ uma coisa diferente. E todas as críticas que eu tenha de fazer não podem nem devem (nem eu consinto por minha parte que isso aconteça) envenenar as relações pessoais com os amigos que eu respeito e a quem dedico profunda estima, afecto e dedicação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é por isso que, em relação a isto, estou certo que tanto eu como o Sr. Deputado Nuno Rodrigues dos Santos estaremos à altura suficiente para separar a política do respeito e da amizade.

Quanto às perguntas que fez, se eu me sinto autorizado, eu devo dizer que me sinto autorizado a dizer o que entender sobre o Dr. Sá Carneiro, não com a autoridade própria, mas com a autoridade que tem qualquer cidadão, e que é o fundamento da democracia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto aos objectivos eleitorais, estamos conversados - já falámos sobre isso. E depois temos um último ponto, que é do Sr. Deputado Barbosa de Melo. Se eu considero que o Dr. Mário Soares é um descobridor. Pois eu não considero que ó Mário Soares, nem o Mário Soares se considera a si próprio, nenhum de nós o considera, como um descobridor nem como inventor, Em política não se descobre nada e inventa-se muitas vezes muito pouco. O que é facto é que Mário Soares, como qualquer cidadão, soube compreender em 1960-1961, e sobretudo em 1969, para onde caminhava politicamente este país. E soube ser coerente com a sua análise, quando, após o 25 de Abril, muitas pessoas julgaram que isto seria um pasto de actividades da reacção ou, como disse um camarada meu, e querido amigo, que isto se poderia transformar num cemitério. Acreditou na democracia, defendeu a democracia, etc. O que significa é o seguinte: é que não há identidade própria no Dr. Sá Carneiro e que, pura e simplesmente, o Dr. Sá Carneiro copia constantemente, não as invenções do Mário Soares, mas, mais modestamente, as análises políticas que Mário Soares faz.

O Sr. Barbosa Gonçalves (PPD): - Está pateta.

Burburinho.

O Orador: - Mas isso, eu só respondo a estas perguntas porque me foram feitas. .Isto parece uma resposta do Monsieur de La Palice, mas não é. Porque, por detrás destas coisas, há muitas outras coisas. E há as perguntas que me não foram feitas. E que são estas: é que se é verdade, ou não, as afirmações que eu fiz ali ...

Uma voz:- Muito bem!

O Orador:- Se os factos que eu aleguei são ou não verdadeiros?

Vozes: - Muito bem!

Aplausos,

Vozes de protesto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aos senhores incomoda-lhes pouco (ou, se calhar, eu faço-lhes justiça de pensar que a alguns incomoda mesmo), incomoda-lhes pouco que, para amanhã, no Porto, se esteja a preparar ou a tentar preparar uma confrontação popular.

Uma voz: - Exactamente.

Outra voz:- Estás com medo?

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!