Vozes de protesto.

Aos Srs. Deputados do PPD e ao Partido Popular Democrático preocupa-lhes pouco (a muitos dos senhores) a instauração em Portugal de um clima de sã convivência entre os partidos, em que as pessoas não empatem nem interfiram nas suas relações recíprocas possíveis.

O Sr. Ferreira Júnior (PPD). - Isso é uma calúnia!

Burburinho.

O Orador: - Aos senhores

Pausa.

... eu não interrompi enquanto o senhor estava a falar e ouvi-o até ao fim.

Burburinho.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E apelo ... e apelo até aos meus camaradas que não interrompam. Eu não tenho medo das palavras nem dos facto.

Eu quero preveni-los do seguinte: este discurso é um discurso violento, mas é um discurso violento na forma e no fundo. Mas se a História, se os factos históricos próximos, registarem o que quer que for feito de grave no Porto, então este discurso que eu aqui fiz transformar-se-á num requisitório e eu acusá-los-ei de terem contribuído para a instauração em Portugal do fascismo.

(O orador não reviu.)

Aplausos prolongados de pé.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Barbosa de Melo pediu a palavra para quê?

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Pedia a palavra para um direito de resposta, Sr. Presidente.

Uma voz: - A quê?

O Sr. Presidente: - Direito de resposta?

O Sr. Deputado Barbosa de Melo não foi referido em qualquer das afirmações produzidas pelo Deputado José Luís Nunes. As afirmações do Sr. Dr. José Luís Nunes dirigiram-se ao Dr. Sá Carneiro, que não se encontra presente. Suponho que V. Ex.ª não é o seu defensor oficioso e, portanto, peço desculpa, mas, embora me custe, não posso conceder-lhe a palavra para tal.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Tenho a palavra, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Não concedo a palavra a V. Ex.ª como direito de resposta, que começa por não existir, pois V. Ex.ª não foi referido nas palavras expressas pelo Deputado José Luís Nunes. Desculpará, mas não lhe posso conceder a palavra.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Sr. Presidente :

Burburinho.

O Sr. Presidente: - Não tem a palavra, Sr. Deputado.

Protestos.

Burburinho.

Uma voz: - Não pode ser.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª tem de ser aquilo que tem sido sempre: um Deputado disciplinado. O Presidente acaba de lhe dizer formalmente que não lhe conceda a palavra e V. Ex.ª não usará da palavra; porque eu não consinto que a use.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Sr. Presidente ...

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade de se sentar.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Não desejo formular um protesto, não o desejo fazer neste momento. Quero interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª interpelará!

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Para isso é que eu peço a palavra.

Protestos.

Agitação na Sala.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Barbosa de Melo tem o legítimo direito ... Peço o favor do vosso silêncio. O Sr. Deputado Barbosa de Melo tem o legítimo direito de pedir a palavra para interrogar a Mesa, que lhe vai ser concedido.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Era nesse sentido que eu perguntava, Sr. Presidente, se tenho a palavra, só para me dirigir à Mesa.

O Sr. Presidente: - Já disse a V. Ex.ª que pode utilizar da palavra para interrogar a Mesa.

O Sr. Barbosa de Melo (PPD): - Discordo da interpretação que a Mesa deu ao Regimento, na medida em que o Sr. Deputado José Luís Nunes se referiu a todos aqueles desta bancada que lhe fizeram pergun-