Deputados, a todos solicitando que façam o máximo esforço para não ultrapassar o tempo regulamentar, sem o que pouco tempo restará para outros oradores.

O Sr. Deputado José Luís Nunes não está.

Pausa.

O Sr. Deputado Vital Moreira.

exercício escolar, pelo menos, devia ter tido em conta esta questão.

A segunda questão: o Sr. Deputado afirmou que para os marxistas, como designou, existem duas classes e apenas duas classes. Embora tendo em conta que se tratava de exercício escolar, não quero deixar de lhe perguntar o seguinte: onde é que viu algum texto marxista, ou de algum partido que se reclame marxista, segundo o qual existem duas e apenas duas classes sociais?

Em terceiro lugar, o Sr. Deputado afirmou que rejeita o capitalismo, se bem percebi, porque é feio. Queria perguntar-lhe se essa fealdade releva apenas da estética ou se tem algo a ver também com a exploração do homem pelo homem e de uma classe por outra classe.

E com isto termino as perguntas.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - O Deputado a seguir inscrito é o Sr. Deputado Emídio Guerreiro.

O Sr. Emídio Guerreiro (INDEP.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu vou fazer um pedido de esclarecimento ao Si. Deputado do novo PPD que vai ser muito simples. Não vou criar dificuldades, quer dizer, não vou pôr questões deste estilo: se o pirilampo começou por acender ou por apagar.

esclarecimento que vou formular dentro em pouco, depois de caritativamente o auxiliar a dar a resposta.

Nesse programa há coisas que são muito claras, e uma delas é a questão da propriedade. No programa diz-se que, na realidade, o Partido Popular Democrático está absolutamente de acordo com a colectivização dos meios, de produção capitalista. Claro que depois de um certo congresso tudo isso está modificado.

Uma voz: - Isto é que é um pedido de esclarecimento?

O Orador: - Hoje a palavra «socialismo» foi deitada pela borda fora, e eu desejaria na realidade que o Sr. Deputado me explicasse o que ele entende por socialismo: se na realidade há um socialismo, uma sociedade socialista, em que continua a existência de classes, e isso é uma afirmação clara dele e do seu príncipe. Se na realidade há uma sociedade socialista onde continua a haver a apropriação individual dos meios de produção capitalista, então eu pergunto que concepção se pode ter de uma sociedade socialista que foi a aspiração dos homens de coração. O socialismo foi um grito de dor a princípio, foi um protesto contra a miséria dos homens que foram explorados é que são explorados no regime capitalista. Muitos autores ...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: A Mesa agradecia que se cingisse à sua pergunta, porque é para isso que tem a palavra.

O Orador:- Vou formular a pergunta. Muitos autores desde Platão, passando pelos socialistas utopistas Thomas More, Campanelli, Saint-Simon, Fourier, Louis Blanc, Proudhon e Owen, todos eles condenaram a apropriação individual dos meios de produção. Houve somente uma corrente, chamada « a dos socialistas de cátedra», que admitia a propriedade dos meios de produção. A própria Igreja, e eu refiro-me mesmo a eles, aos padres da Igreja, porque no Partido Popular Democrático se diz que todas as correntes de pensamento estão admitidas, desde o cristianismo até ao marxismo, pois os próprios doutores da Igreja afirmaram, a respeito da propriedade, o seguinte: S. Basílio disse: «o rico é um ladrão»; S. João Crisóstomo: « o rico é um bandido»; S. Jerónimo: «a fortuna pessoal é sempre produto de um roubo»; S. Gregório Magno: «os ricos egoístas são homicidas»; S. Gregório de Nisa: « o rico é um criminoso que tem a goela sempre aberta para devorar o alimento dos outros»; S. Clemente: «em boa justiça tudo deveria pertencer a todos, foi a iniquidade que fez a propriedade privada». Se o PPD se inspirasse nestes bons doutores da Igreja,