não tinha posto tanto ardor a defender agora a propriedade privada dos meios de produção. E agora ultimamente o próprio secretário-geral do partido ataca a fundo as nacionalizações.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Estão aqui a fazer observações na Mesa no sentido de que tem que se cingir à sua pergunta. Para uma intervenção, que é o que se está a fazer, terá de se inscrever primeiro.

O Orador: - Isto é para auxiliar a resposta.

O Sr. Presidente: - Mas tem um limite de tempo que o Regimento fixa e de que não sou culpado.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente:- Não posso deixar de dar razão às reclamações que me estão a chegar.

O Orador: - Portanto, para terminar, eu pergunto ao Sr. Deputado, que fez a sua intervenção de uma maneira muito correcta, porque este Sr. Deputado é, na verdade , uma pessoa muito correcta, diríamos hoje muito bem-educadinho, ...

... se na realidade está de acordo o programa do PPD - digo bem do PPD e não do novo partido PPD - com as afirmações que fez contra a divisão da sociedade em classes, contra a colectivização dos meios de produção.

E para lembrar alguma coisa importante, permita-se-me semente que lhe pergunte como é que ele concilia este documento da Comissão Política do PPD, da qual ele fazia parte, e que termina da maneira seguinte: «pela socialização da economia que coloque a riqueza nacional ao serviço dos trabalhadores, contra os privilégios dos monopólios, dos latifúndios, pela garantia da pequena e média propriedade conseguida pelo esforço de cada um, contra a exploração dos pequenos pelos grandes e pelos oportunistas».

E para terminar, ainda devo dizer que, quando eu fiz a minha propaganda eleitoral, disse muitas vezes que o Partido Popular Democrático defenderia intransigentemente a propriedade adquirida com o suor do rosto de cada um, mas que não pensasse ninguém que o Partido Popular Democrático defenderia ou protegeria a propriedade adquirida com o suor do rosto dos outros. É essa propriedade que o Partido Popular Democrático condena, é essa propriedade que condenam todos os socialismos, e eu estou absolutamente admirado que o Sr. Deputado em questão nos venha hoje defender uma sociedade socialista que é, afinal de contas, a sociedade capitalista.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Manuel Alegre não está presente.

O Sr. Deputado Casimiro Paulo dos Santos está presente.

O Sr. Casimiro Paulo dos Santos (PS): - Sendo o discurso do Sr. Deputado baseado na mistura de duas concepções - cristã e individualista -, pergunto ao Sr. Deputado o seguinte: o que entende o Sr. Deputado por justiça social e a igualdade entre os homens que citou no seu discurso? Se é possível pôr fim à exploração do homem pelo homem sem existência do socialismo? Ou o socialismo, para o Sr. Deputado, é o simples ideal abstracto?

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente:- O Sr. Deputado Florival Nobre.

O Sr. Florival Nobre (PS):- Eu queria fazer duas perguntas ao Sr. Deputado.

Primeira pergunta: se realmente o PPD defende o socialismo humanista, como entende o Sr. Deputado que mais de duas dezenas de Deputados desse partido saíssem precisamente sob á alegação de que tinham de deixar aquela linha?

A segunda pergunta: por que é que então o PPD vem bater-se duramente contra a aprovação do n.º 4 do artigo 1.º do título X, referente às forças armadas, e que aponta claramente para a democracia e o socialismo?

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Macedo não está.

Sr. Deputado Amaro da Costa.

O Sr. Amaro da Cota (CDS): - Quatro perguntas.

tura, o PPD, através do Sr. Deputado Alfredo de Sousa, apenas quis precisar e fixar o sentido dado à expressão «apropriação colectiva», apoiando a tese do Deputado socialista Carlos Lage, de que por apropriação colectiva não se devia entender - necessariamente estatização.