Desta forma, e quanto à organização económica do Estado, o PPD comunga da mesma tese que o PS na perspectiva da construção do socialismo. Pergunto: no plano constitucional, em que se distingue ou em que se distinguiu o socialismo do PPD do socialismo do PS?

Última pergunta: O Sr. Deputado caracteriza o CDS como partido que se inspira dos ideais neo-capitalistas. Para nós - devo esclarecer - não existem ideais neo-capitalistas. Neo-capitalismo não é propriamente um ideal; é um projecto político que, como doutrina, não perfilhamos, mas nada tem a ver com ideais.

Somos um partido que se apoia, isso sim, nos ideais e na doutrina do humanismo personalista, de inspiração cristã, amplamente definidos na nossa declaração de princípios, onde, por sinal, se inclui uma clara rejeição do neo-capitalismo materialista.

Questão diferente é a fórmula da organização económica. Concretamente, o Sr. Deputado defende a organização económica socialista que a Constituição estabelece ou, pelo contrário, defende a organização baseada na economia social do mercado que o CDS reivindica? Está o PPD por ou contra a economia social de mercado?

(O orador não reviu.)

O Sr. Ferreira Júnior (PPD): - Penso que sim, Sr. Presidente. Irei ser mais breve do que realmente foram os oradores que me interrogaram, um dos quais até creio que fez uma intervenção e não propriamente só perguntas.

Quanto ao primeiro Deputado, o Sr. Deputado Vital Moreira, mais uma vez este Deputado, a par das qualidades que todos lhe reconhecemos, ainda não foi capaz de se despir de toda a formação da Universidade coimbrã napoleónica, que realmente lhe pesa na sua maneira e comportamento - a formação e também, enfim, grande parte de integração na sua qualidade de lente. Na verdade, muitas das suas intervenções é pena que ainda não tenham despido esse ar omnisciente, esse ar de quem tem a ciência e a verdade na mão, para quem a sua sebenta é a única que vale.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Nunca fiz sebentas.

O Sr. Alfredo de Sousa (PPD): - Fez sebentices.

Uma voz: - Muito bem!

O Orador:- Portanto, o Sr. Deputado fez-me uma série de perguntas, as tais .perguntas do lente para o aluno, a que eu ma recuso a responder, como o Sr. Deputado pretenda, de aluno para professor.

Falou-me em filho de família, etc.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Está chumbado.

O Orador: - Não ouvi.

Pausa.

Tenho pena de não ter ouvido porque provavelmente também teria dado ocasião a que eu pudesse sorrir.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Está chumbado.

O Orador: - O quê?

O Sr. Presidente: - Os Deputados não travam diálogo.

O Orador: - Estou chumbado ...

O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados não travam diálogo, porque o Regimento expressamente o proíbe.

Sr. Deputado, faça favor de continuar a sua resposta.

O Orador: - Nessa altura parecia que nem valia a pena responder.

O Sr. Deputado diz que eu estou chumbado, portanto, sou um indivíduo que não tenho categoria para lhe responder.

Talvez nem valha mesmo a pena responder-lhe.

Pausa.

Eu penso e continuo a pensar que às pessoas de formação marxista-leninista é difícil realmente aceitar ou compreender que um homem tenha um pensamento e se diga socialista sem ter efectivamente essa formação. É difícil, continua a ser quase um drama da nossa sociedade, e todas as suas perguntas mais uma vez o revelaram. O Sr. Deputado continua a não aceitar que se fale noutro socialismo, continua a perguntar se eu considero o capitalismo só feio e se para mim a exploração do homem pelo homem não é o que caracteriza o capitalismo. Pois com certeza que a minha concepção é completamente diferente - creio que ao longo de toda a mi-