O Sr. Secretário (António Arnaut): Carreira Marques, também.
O Sr. Presidente: - E agora com o Sr. Deputado Carreira Marques as inscrições ficam assim encerradas.
Pausa.
Sr. Deputado Vital Moreira, tem a palavra.
O Sr. Vital Moreia (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Perante este auto-retrato do corpo inteiro que um representante do capital acossado peio desespero da perda de privilégios ...
Burburinho.
... poderia pensar que se dispensava qualquer pedido de esclarecimento.
Entretanto a indigência da teoria exposta, a estolidez dos argumentos aduzidos ...
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Fala o KGB!
Agitação na Sala.
O Orador: - Sr. Deputado: Ainda não me dou ao luxo de responder a porta-vozes das posições da CIA nesta Assembleia.
Aplausos.
E se o Sr. Deputado Pedro Roseta perfilha o desespero da burguesia, do representante do capital que é o Sr. Deputado Alfredo de Sousa, terá direito a interromper no final da minha intervenção.
Uma voz:- És um gajo bestial.
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Viva a classe burocrática!
O Orador: - O Sr. Deputado não diga vivas à sua própria classe, porque aparentemente está em queda.
Dizia eu que perante a indigência da teoria, a estolidez da argumentação, a infame mentira de alguns factos aduzidos, a demagogia e mistificação da terminologia, o dislate das conclusões, não poderíamos deixar de perguntar . ...
(Vozes imperceptíveis do Sr. Deputado Alfredo de Sousa, do PPD.)
Sr. Deputado! ... Sr. Deputado! ... O desespero leva-o tão longe que não lhe permite ouvir as perguntas?
Burburinho.
Pausa.
O Sr. Deputado não gostou de um Deputado do Partido Comunista Português pretender falar em nome dos trabalhadores. Um Deputado de um partido da classe operária pode sempre falar em nane dos trabalhadores.
Um representante do capital, como o Sr. Deputado Alfredo de Sousa, é que pode falar apenas em nome do capital.
Não deixa de ser ridículo que um conhecido representante do capital faça ou se permita fazer alertas e apelos aos trabalhadores, a não ser que esses apelos e esses alertas sejam apenas os apelos e os alertas dos interesses dos capitalistas e da classe burguesa que o Sr. Deputado representa.
Burburinho.
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Vamos à pergunta. Chega de capitalismo de Estado ...
O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados não interrompam; deixem o Sr. Deputado formular as suas perguntas.
O Orador: - O capitalismo de Estado, Sr. Deputado Pedro Roseta, tem beneficiado o Sr. Deputado, e porque esse capitalismo de Estado, capitalismo monopolista de Estado, está em perigo é que o Sr. Deputado está tão desesperado e não se conforma.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Queria interrogar o Sr. Deputado Alfredo de Sousa. É para isso que tem a palavra.
O Orador: - Sr. Presidente: Eu não posso deixar de responder às interpretações do Sr. Deputado Pedro Roseta.
O Sr. Presidente: - Mas eu já solicitei aos Srs. Deputados o favor de não interpelarem.
O Orador: - Já permiti ao Sr. Deputado Pedro Roseta interrogar-me. Se o Sr. Presidente lhe permitir, o Sr. Deputado Pedro Roseta levanta-se e faz as perguntas.
O Sr. Presidente: - Peço o favor de não interromperem e deixarem o Sr. Deputado efectuar os seus pedidos de esclarecimento.
O Orador: - O Sr. Deputado fez muita questão de que é necessária acumulação para o investimento.
Sem dúvida, Sr. Deputado, em qualquer país, seja capitalista, seja socialista, é preciso fazer acumulação para o investimento.
Simplesmente, não é essa a questão e a questão que eu lhe queria pôr era a seguinte:
Se a acumulação para o investimento que é feita à custa das mais-valias dos trabalhadores inclui ou não, num país capitalista, as mais-valias de que o Sr. Deputado se tem apropriado ao longo dos anos, e se continua a apropriar como representante e beneficiário do capital, ou se deve incluir exactamente apenas o necessário para fazer investimentos. Isto é, se a acumulação e a mais-valia dos trabalhadores devem também pagar os consumos e os privilégios da burguesia, ou se devem ser feitos exclusivamente para o investimento? Esta a primeira pergunta.
O Sr. Deputado falou também na «nossa» reforma agrária.