Devo dizer que o Partido Comunista Português se orgulha do papel que os seus militantes, porventura, possam ter tido na Reforma Agrária.
Uma voz: - Olha o Louro...
O Orador: - Entretanto, eu pergunto: que reforma agrária é a do PPD?
É a reforma agrária dos latifundiários, é a reforma agrária que passa pela reentrega dos latifúndios aos grandes proprietários. É a reforma agrária que estava no projecto de Constituição do PPD, segundo a qual só seriam expropriados os latifúndios «socialmente mal aproveitados».
Uma voz (em surdina): - E muito bem.
O Orador: - O apoio que os grandes agrários dão ao PPD é o testemunho do que é a reforma agrária do PPD. O apoio que os trabalhadores agrícolas dão ao PCP é a prova da reforma agrária do PCP.
O Sr. Deputado preocupou-se muito com a dimensão do PCP. De que seria entre outras coisas um partido regional, se não estou em erro.
Mas, é curioso como um partido aparentemente nacional, como o PPD, pode preocupar-se, ao fim e ao cabo, tanto com um pequeno partido regional ... Donde vem tanta preocupação, donde vem tanto temor de um partido, grande partido como o PPD, de um pequeno partido?
De onde vem, Sr. Deputado, senão da consciência do que o PCP tem por detrás de si? Essa força que desespera todo e qualquer representante estabelecido da burguesia, todo e qualquer grande capitalista que se preze, ou os seus ideólogos, isto é, ter por detrás de si a classe operária e os trabalhadores. Que outra coisa, senão isso, põe em causa, faz tremer a espinha dorsal, para aqueles que ainda a têm, dos representantes da burguesia?
O Sr. Presidente:- Sr. Deputado: Agradecia-lhe o favor de formular as suas perguntas a exemplo de outros intervenientes.
O Orador:- Estou a fazer perguntas, Sr. Presidente.
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Não parece! ...
O Orador: - E que desvergonha para um partido perfeitamente acossado, reduzido à sua expressão de representante dos interesses mais mesquinhos da burguesia ...
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Qual burguesia? A tua?
O Orador:-... se não atacar ou acusar um partido da classe operária e dos trabalhadores de ser um ,pequeno partido?
Burburinho na Sala.
Uma última pergunta, Sr. Deputado.
Permitiu-se fazer referências pessoais a um camarada meu, Deputado do PCP. Sabendo-se como se sabe que o Sr. Deputado é, nem mais nem menos, ou tem sido, senão o fiel servidor e lucrador do grande capital bancário, que outra explicação para as suas múltiplas intervenções nesta Assembleia em defesa do capital, senão a defesa dos interesses pessoais, os mais mesquinhos, os mais baixos privilégios que perdeu ou que está em riscos de perder?
O Sr. Alfredo de Sousa (PPD): - O Sr. Deputado está a entrar em ataques pessoais?
O Orador: - Estou, Sr. Deputado, estou, tem razão. Tem razão, Sr. Deputado.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Peço o favor de concluir as suas perguntas.
O Sr. Alfredo de Sousa (PPD): - Não aceito mais esta má criação, Sr. Presidente.
Uma voz: - Deixa-te de brincadeiras.
O Orador:- Tem razão, Sr. Deputado, estou a entrar ...
Burburinho na Sala.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Eu peço a sua atenção. Faça o favor de concluir as suas perguntas, aliás anunciou que era a última.
O Orador: - Os representantes da burguesia agitam-se ...
O Sr. Presidente: - Creio que podemos passar ao interveniente seguinte, não é verdade?
O Orador:- Não, Sr. Presidente, a interpelação extemporânea e desesperada do Sr. Deputado faz-me fazer mais uma. É que eu de facto entrei no domínio dos ataques pessoais.
Queria fazer-lhe apenas mais uma pergunta. Por quantas vezes será necessário multiplicar o salário do meu camarada Avelino Gonçalves para dar o rendimento do Sr. Deputado, representante dos capitalistas, dos grandes accionistas, Alfredo de Sousa?
Burburinho.
O Sr. Pedro Roseta (PPD): - E para ensinar direito corporativo?!
Manifestações diversas.
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado já concluiu a sua intervenção? Tenha paciência.
O Orador: - Não, Sr. Presidente, o Sr. Deputado Pedro Roseta ...
O Sr. Presidente: - Aliás, já excedeu largamente o tempo regulamentar.
O Orador:-... o Deputado Pedro Roseta ...
O Sr. Presidente:- Nós estamos agora no limite do tempo para o período de antes da ordem do dia.