O Orador: - ... quando se fala se é o PC culpado do desemprego hoje verificado em todas as economias do mundo, devo dizer-lhe, no que diz respeito ao Sr. Avelino Gonçalves, que, justamente para evitar as flutuações e as crises próprias de um sistema capitalista, é por isso que nós propusemos e votámos uma economia democraticamente planificada e uma economia onde os sectores chaves são controlados pelo Estado.

Vozes imperceptíveis.

Uma voz: - Não é corporativismo.

Burburinho.

O Orador: - Além disso, em relação à Reforma Agrária, de que tanto aqui se tem falado ... Antes disso, perdão, fala-se se se pode negar o direito ao PC de ser o exclusivo representante das classes trabalhadoras.

Burburinho.

Lembro que falam em nome das classes trabalhadoras, só para citar Portugal, o MRPP, o PCP reformado e o PCP (ML), ...

... os quais acusam estes senhores de reformistas e de mistificadores ...

Manifestações diversas .

... no que diz respeito à Reforma Agrária.

O Orador: - Muito rapidamente, Sr. Presidente, se me permite mais um minuto, relativamente à Reforma Agrária, gostaria de ler a resposta dada por um conhecido político português a um jornalista que o interrogava sobre esse assunto. Diz ele: «Os perigos são, com efeito, reais e vêm em grande parte dos erros colossais cometidos pelos comunistas e pelos esquerdistas.

Qualificaram falsamente de reforma agrária uma lei que de facto abordava somente o problema das expropriações e o regulava mal. Uma pontuação complicada fundamentada em critérios de superfície e rendimentos, estabelecia limites para além dos quais uma terra seria nacionalizada. Mas o sistema é tão deficiente que um homem que enriqueceu e valorizou a sua terra pelo seu trabalho pode ser penalizado pela Reforma, quando um senhor absentista escapa aos seus rigores. O pior verificou-se quando se viu a maneira como a lei foi aplicada ou, melhor dito, sistematicamente transgredida. O Verão de 1975 foi marcado por uma quantidade de ocupações selvagens, que chegaram à colectivização arbitrária de propriedades que não ultrapassam por vezes os 17 ha ou 20 ha. A operação foi montada pelo Sindicato dos Operárias Agrícolas, nas mãos dos comunistas, que fazia apelo a pessoas do exterior, entre elas estrangeiros, que não tinham frequentemente nenhuma relação com a terra.»

Burburinho.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: É favor concluir, porque o seu tempo está excedido.

O Orador: - «Depressa foi a confusão e a cólera. Milhares de trabalhadores tinham sido expropriados do seu ganha-pão. Em outros lugares, constrangeram-nos a integrarem-se em cooperativas sem lhes pedir seu conselho e opinião. Os centros regionais da Reforma Agrária estavam todos infiltrados por militantes do PC ou da extrema-esquerda, que reinavam aí como mestres e impunham a sua vontade.

Frequentemente incompetentes, ...»

Vozes de protesto.

« ... eles não foram úteis aos operários. Os resultados são eloquentes. As terras foram semeadas, o gado de qualidade foi abatido ou negociado, ...»

Manifestações diversas.

«... os instrumentos agrícolas foram vendidos para pagar os salários.»

Agitação na Sala.

«Tudo isto provocou uma vaga de indignação e de instabilidade.»

Termino, Sr. Presidente ...

O Sr. Pedro Roseta (PPD): - Cala a boca social-fascista, lacaio da URSS.

O Sr. Presidente: - Agradecia que terminasse.

O Orador: - Termino, Sr. Presidente, dizendo que o político português muito conhecido, que fez estas declarações é o Sr. Deputado Mário Soares.

Uma voz: - Muito bem!

Aplausos do PPD.

O Sr. Presidente: - A primeira oradora inscrita no período de antes da ordem do dia é a Sr.ª. Deputada Carmelinda Pereira, que tem a palavra.

O burburinho prossegue.

Peço a atenção da Assembleia para a oradora inscrita neste momento.

Pausa.

Pede-se a atenção da Assembleia.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carmelinda Pereira. Tenha a bondade, Sr.ª Deputada.