E depois que ela renasça espiritualmente, forte e vivaz, não como a Fénix, mas como o Sol, que será vida, calor e luz para iluminar não só Portugal mas os Portugueses.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Aqui fica a minha voz, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a voz de uma funcionária que, desde bem cedo, como milhares de tantos outros, colocou os interesses do povo a que pertence acima de quaisquer interesses pessoais.

Aqui fica, porque não me sentiria de bem com a minha consciência se não alertasse este Plenário pana os problemas de tão vasta camada de trabalhadores até hoje, infelizmente, tão humilhada e esquecida, mas que tem de ser, no Portugal democrático e socialista que estamos a criar, dignificada, respeitada nos seus direitos e legítimas aspirações.

(A oradora não reviu.)

Aplausos prolongados.

O Sr. Presidente: - Dispomos de doze minutos e o orador inscrito é o Sr. Deputado Avelino Gonçalves. Antes, e para pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado João Terroso.

O Sr. João Terroso (PCP): - Sr. Presidente: Desejava fazer uma pergunta à Sr.ª Deputada do PS, se ainda pudesse ser, pois não fui a tempo há pouco.

O Sr. Presidente: - Pedir um esclarecimento?

O Orador: - Sim.

O Sr. Presidente: - Podia ter formulado o pedido de esclarecimento na ocasião, mas faça o favor.

Haverá mais alguém que queira formular pedidos de esclarecimento à Sr.ª Deputada Carmelinda Pereira?

Pausa.

Parece que mais ninguém.

O Orador: - Sr. Presidente: A Sr.ª Deputada Carmelinda Pereira citou na sua intervenção o boicote da União Soviética aos pescadores de Matosinhos. Eu, como pescador, trabalhando há treze anos em Matosinhos na pesca da sardinha, tendo uma esposa conserveira, muito tenho a dizer sobre este assunto.

Uma voz: - Que horror ...

O Orador: - Melhor que ninguém, eu posso fazer esta pergunta: se na realidade a Sr.ª Deputada tem em conta, quando citou o boicote à greve dos pescadores, feito pela União Soviética, da sardinha que para Portugal veio, se tem na mente o que vieram a lucrar os milhares de conserveiros e conserveiras que com essa sardinha começaram a funcionar no seu serviço normal.

Em segundo lugar, quero perguntar à Sr.ª Deputada em quê e por que razão a sardinha da União Soviética prejudicou os pescadores de Matosinhos? Não foi isso, Sr.ª Deputada, tudo aquilo que disseram os grandes patrões das fábricas de conservas?

Não foram eles, os senhores das conservas, que mandaram vir essa sardinha para Portugal?...

Vozes imperceptíveis da Sr. deputada Maria Emília de Melo.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada responderá depois.

O Orador: - Alegando que precisava de peixe para consumo?

Não digo mais nada.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Carmelinda Pereira para responder, se quiser e como quiser.

Burburinho.

Pede-se atenção.

A Sr.ª Carmelinda Pereira (PS): - Eu penso que o Sr. Deputado do PC que faz a pergunta sobre se os pescadores de Matosinhos foram ou não ajudados com os barcos de sardinha russa que vieram na altura em que eles desencadearam uma greve, ele pergunta portanto se essa sardinha veio ou não ajudar os trabalhadores. Eu penso que não, porque, de qualquer maneira, ela veio pôr trabalhadores contra trabalhadores. Portanto, há uma greve de divisão.

Aplausos do PS.

A Oradora: - Não digo que tenham sido os trabalhadores que tivessem mandado vir a sardinha, com certeza que foram os patrões. Mais uma prova que o regime da União Soviética colaborou com os capitalistas portugueses.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - E, de qualquer maneira, eu penso que os pescadores de Matosinhos - 56 % de votos no Partido Socialista podem dar a resposta ao Sr. Deputado do PCP, se eles fizeram ou não mais confiança no PS. Tal como os trabalhadores dos CTT, tal como os trabalhadores da TAP ou de Lisnave, ao verem as suas justas lutas serem boicotadas pelos partidos, como é o caso do PCP.

(A oradora não reviu.) Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: É claro que o tempo de que dispomos para intervenções foi reduzida agora com este pedido de esclarecimento.

Pausa.

O Sr. Deputado Avelino Gonçalves informa-me que quererá dispor de mais tempo, ou quer falar agora?

Dispõe de sete minutos.

Pausa.

Quer reservar para amanhã, ou ...?