re-se como até o nosso camarada José Luís Nunes - de cujo autêntico companheirismo temos vastas provas- cedeu à facilidade atávica, reflexo do meio conservador e puritano em que quase todos fomos educados, ao confessar-se dentado a comparar, numa sua recente intervenção, a sensibilidade do Dr. Sá Carneiro à sensibilidade feminina.

Uma voz: - É elogioso. Para o Sá Carneiro é elogioso.

A Oradora: - O que não foi, certamente, um elogio à nossa sensibilidade!

É portanto imperioso que os partidos democráticos de esquerda se consciencializem das respostas que lhes serão exigidas, porque será neles que votarão as mulheres trabalhadoras deste país. Porque elas bem sabem, mesmo que empiricamente, que somente nos programas desses partidos se encontram propostas capazes de alterar a sua situação.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Conscientes de que a total emancipação da mulher passa pela emancipação de todos os oprimidos, o que, logicamente, apenas será realizável na sociedade sem opressores, por que lutamos, julgamos não ser menos verdade que todos os dias, em todos os momentos e através de todos os nossos actos se avança na conquista dessa sociedade. Assim, não consintamos que se adie por mais tempo a criação de condições materiais e morais que permitam a plena inserção da mulher na vida cívica. A menos que se pense possível dispensar o contributo de mais de metade de um povo na edificação da sociedade justa que, afinal, quase todos dizem pretender. O que não será possível. E do que nos pedirão contas as próximas gerações.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Segue-se o Sr. Deputado Moura Guedes.

O Sr. Moura Guedes (PS): - Prescindo do uso da palavra, Sr. Presidente.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Muito obrigado. O Sr. Secretário vai dando conhecimento dos Deputados inscritos.

O Sr. Secretário (Maio Nunes de Almeida): O Sr. Deputado Octávio Pato não está.

O Sr. Carreira Marques (PCP): - Agradecia, Sr. Presidente, que pudesse reservar a palavra do meu camarada Octávio Pato para a próxima sessão, na medida em que ele não está presente.

Pausa.

O Sr. Secretário (Maia Nunes de Almeida): O Sr. Deputado Basílio Horta.

Pausa.

O Sr. Deputado Adriano Fonseca.

Pausa.

O Sr. Deputado Avelino Gonçalves.

Pausa.

O Sr. Deputada Ângelo Correia.

Pausa.

O Sr. Deputado António Arnaut.

Pausa.

O Sr. Deputado Norton de Matos.

Pausa.

O Sr. Deputado Cunha Leal.

Pausa.

O Sr. Deputado Vital Moreira.

Pausa.

O Sr. Deputado Manuel Gusmão.

Pausa.

O Sr. Deputado José Luís Nunes.

Pausa.

O Sr. Deputado Pedro Roseta.

Pausa.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Manuel Ramos tinha pedido, se houvesse algum tempo disponível no período, que queria usar da palavra. De maneira que dou-lhe a palavra.

Pausa.

O Sr. Manuel Ramos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Todos nós sabemos que esta Assembleia Constituinte sempre teve, desde a primeira hora, os seus detractores. Fora dela e até dentro dela. Lembremo-nos, por exemplo, do ex-Deputado Sr. Américo Duarte, que o menos que chamou a esta Casa foi «ninho de lacraus»! Estamos, pois, habituados a que, dos mais diversos quadrantes, surjam ataques à nossa Assembleia, os mais insólitos, os mais destemperados e também os miais despropositados. Porém, mais ataque, menos ataque, eles já não nos causam mossa. O que não esperávamos (por mim o confesso) é que também o Sr. Dr. Sá Carneiro viesse a incluir-se no rol daqueles que se entretêm a denegrir, malevolamente , a Assembleia Constituinte e as seus membros.

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas foi o que ontem vimos e ouvimos através da RTP. Com efeito, falando num comício do seu partido, domingo efectuado, o secretário-geral do PPD não poupou os Deputados à Constituinte e, com o ar de velho e rabujento mestre-escola, de dedo em riste, apontou-nos aquilo que, em sua opinião, nós devemos fazer. «A Constituição tem que estar aprovada até ao dia 10 de Abril» - disse o