mos tempo para um intervalo que nos permita, pelo menos, almoçar, visto que das 15 às 19 horas, o máximo 19 horas e 30 minutos, temos de concluir o nosso trabalho, porque a sala tem de ficar livre para ser preparada para a sessão da noite.

Se ninguém tem qualquer assunto que deseje agora apresentar, temos, portanto, os nossos trabalhos marcados para amanhã com pormenor creio que suficiente.

Declaro a sessão levantada. Amanhã às 9 horas e 15 minutos.

Eram 18 horas e 35 minutos.

Intervenção do Sr. Deputado António Arnaut (PS)

entregue na Mesa durante a sessão:

país, que trabalham duramente de dia para comerem à noite o caldo dos pobres, dos que têm fome e sede de justiça e ainda não foram saciados, sente-se naturalmente honrado por figurar entre os constituintes da República que, por vontade do povo, aqui vieram erguer a coluna vertebral do nosso futuro.

Creio ter cumprido o meu dever. Mas peço-vos humildemente desculpa pela inoperância com que desempenhei o lugar para que me elegestes e que não devia ter aceite, pois seria na bancada do meu partido, entre velhos camaradas, que melhor me realizaria como cidadão e como deputado, na defesa dos ideais que perfilho convictamente desde a infância.

Caros colegas:

O socialismo, antes de ser uma doutrina ou uma filosofia, é um estado de alma, uma solidariedade activa com os explorados e oprimidos.

O socialismo é a libertação.

Ao despedir-me de todos, apelo sinceramente, sem preconceitos ou complexos, para aqueles que têm a alma limpa - civis ou militares - e acreditam na democracia integral, na fraternidade entre os homens, aos que querem quebrar de vez as grilhetas do capitalismo, aos que amam o povo e respeitam sinceramente os seus valores, e sofrem com ele as misérias do passado e as angústias do presente, que tudo façam para restituir Portugal aos portugueses e construir uma pátria engrandecida, mais justa e mais livre.

Amigos:

Parto como cheguei: humildemente e sem ódios. Porque sou socialista. E ser socialista é ser, como Miguel Torga um dia nos ensinou, um «homem mais sensível a uma ética do que a uma ideologia, mais espontaneamente fraterno do que disciplinarmente correligionária, mais atento ao imperativo dinâmico de vozes remotas da que ao encantamento momentâneo dos ecos doutrinários». É estar no Mundo «profundamente enraizado no chão nativo, orgulhosamente fiel à condição da origem», e ter por padre-nosso quotidiano, como o poeta, os versos finais do seu hino à liberdade, esse pão sagrado de que o homem teve sempre fome:

Liberdade que estais em mim,

Santificado seja o vosso nome!

Requerimentos enviados para a Mesa no decurso da sessão:

Requerimento

Considerando a informação fidedigna de cidadão devidamente identificado;

Considerando que a Assembleia Constituinte deve contribuir para o esclarecimento de quando constitua desvio da irrenunciabilidade dos órgãos de Governo;

Requer-se

Que a Presidência do Conselho, utilizando os departamentos que lhe estão afectos, informe qual a situação, paradeiro e destino de vários automóveis requisitados a empresas nacionalizadas, nomeadamente as viaturas Mercedes 280 SE, IL-8019, Mercedes 220, GG-33-19, FB-80-51, e Rover 2000 TC, LH-64-81, retiradas do serviço da Caixa Geral de Depósitos e Previdência em 8 de Maio de 1975 por iniciativa do major Sousa Lobo, na qualidade de chefe de Gabinete do então Primeiro-Ministro;

Que se ordene inquérito para averiguar em que circunstâncias e quem usufrui actualmente desses e de outros automóveis desviados da sua anterior finalidade.

Sala das Sessões da Assembleia Constituinte, 1 de Abril de 1976. - Gualter Viriato Nunes Basílio - Francisco Igrejas Caeiro (ambos Deputados do Partido Socialista).

Requerimento ao Conselho de Ministros, destinado concretamente ao Ministério das Finanças:

Requerimento ao Conselho de Ministros, destinado concretamente ao Ministério das Finanças:

Assunto: Ramo automóvel.

Considerando que o povo português, ao festejar euforicamente o 25 de Abril de 1974, festejava-o rejeitando o passado, na esperança de um futuro mais próspero, mais nivelado ao conforto, e não nivelado à miséria;