partidárias controlam as direcções sem auscultar a massa dos trabalhadores. Nos jornais, na rádio e na televisão, minorias pagas com o dinheiro de todos nós pretendem «intoxicar» o País com «as suas opiniões», saneiam impunemente para alcançar a «sua» oportunidade e exercem afinal novos tipos de censura.

Temos 300 000 desempregados. Não se vê uma política económica coerente e realista, capaz de aumentar a produção e de criar empregos. Pelo contrário, assiste-se a uma série de medidas dispersas, incapazes de fazer face à crise económica, como o PPD tantas vezes tem repetido. A produção diminui, em vez de aumentar. Compramos ao estrangeiro metade do que comemos, o que só por si justificaria a aplicação acelerada da Reforma Agrária tal como o PPD a propôs em Julho de 1974. Esgotam-se as nossas reservas de moeda estrangeira e em breve poderemos ter de vender o nosso ouro. Contestam-se os sistemas económicos da Europa Ocidental, mas ignora-se que aí trabalham os nossos emigra ntes, que lá vendemos os nossos produtos e que não se encontraram ainda alternativas viáveis de mercado e de ajuda internacional.

Fazem-se saneamentos selvagens, ocupações abusivas, reivindicações irrealistas. As classes trabalhadoras continuam a ver muitos dos seus problemas por resolver. O contínuo aumento do custo de vida e do desemprego diminui as elevações salariais alcançadas.

Nas escolas, a crise é generalizada. A cultura é posta ao serviço de partidos e não do povo. Continuam sem habitação condigna 500 000 famílias. Continuam sem pensões suficientes as viúvas, os idosos e os reformados. Sabemos que todos estes problemas não podem resolver-se de um dia para o outro. Sabemos que muitos direitos foram conquistados e alguns passos decisivos já foram dados. Nacionalizou-se o grande capital financeiro, criaram-se condições para a revolução socialista. Mas não será afastando da Revolução camadas populares cada vez mais amplas - desde os emigrantes aos pequenos e médios proprietários, desde os quadros aos agricultores - que o País encontrará a resposta à crise na sua via original para o socialismo.

Ao clima de angústia e de insegurança, ao descrédito mais ou menos generalizado, ao ódio, à delação e ao terror - o PPD diz: basta!

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - Não faltará nesta hora quem se compraza a apontar esses erros, fazendo absurdas comparações com o regime opressor e fascista de que saímos. Não é essa à nossa atitude. Quando os apontamos, fazemo-lo dolorosamente, na certeza, porém, de que a lucidez necessária e o dever patriótico a isso nos obrigam.

Partido Democrático que somos e da coligação que fomos, não ignoramos a nossa quota-parte de responsabilidade. Mas também não ignoramos que nunca foi no Governo que residiu o poder real. E que raramente as nossas soluções foram aplicadas. Não ignoramos a pesada herança do regime anterior. Não ignoramos os golpes e a sabotagem praticados, dentro e fora do País, por movimentos direitistas. Mas também não ignoramos que outras forças antidemocráticas e minoritárias têm procurado a todo o custo tolher a marcha da Revolução para o socialismo humanista. Através do assalto ao Poder, o PCP e os seus satélites tomaram conta das câmaras municipais, das juntas de freguesia, dos sindicatos e meios de informação.

Burburinho.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção, peço a atenção.

Não interrompam o orador.

Vozes: - Fascista!

Aplausos do sector do PPD.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção, Srs. Deputados.

Burburinho.

Vozes. - Abaixo a reacção!

O Sr. Presidente: - Peço a atenção...

O Sr. Tengarrinha (MDP/CDE): - Tenha vergonha! Tenha vergonha de dizer isso nesta Casa! Cale-se!

O Orador: - Procuraram apropriar-se da aliança do Povo-MFA, fazendo...

O Sr. Tengarrinha: - Onde estava antes do 25 de Abril? ...

O Orador: - ... reverter em seu próprio proveito essa aliança.

O Sr. Presidente: - Um momento! Pede-se o favor de não interromperem o Deputado. Poderio depois responder da maneira que. entenderem. Faz favor de continuar.

Vozes:- Nós não permitimos que ...

O Orador: - Tal assalto e tal expropriação são da exclusiva responsabilidade dos que pretendem afinal espartilhar o povo português em soluções totalitárias que ele claramente não aceita, como livremente o afirmou em eleições.

Burburinho.