O Sr. Presidente: - Assim teremos que realmente dar mais tempo.

O Orador: - Procuram colonizá-lo e arrastá-lo para a instauração de um clima de força e de ditadura.

Burburinho.

O Sr. Álvaro Monteiro: - O Sr. Presidente é responsável por estas provocações.

Burburinho na Assembleia.

O Orador: - Tais atitudes são o oposto do que deverá ser uma verdadeira aliança entre o povo e o MFA, onde a crítica tem um papel criador. Quando o Conselho da Revolução se sujeita a uma política de factos consumados; quando não faz aplicar as decisões governativas e as suas próprias; quando aceita minimizar o papel dos partidos, mas admite que se dê cobertura a actuações partidárias unilaterais - o Conselho da Revolução corre o risco de contribuir para o insucesso da Revolução.

Quando os partidos que constituem a maioria democrática do País são forçados a deixarem o Governo, o Governo afasta-se do povo.

Uma voz: - Eles é que saíram, eles é que saíram!

O Orador: - E podem perder-se conquistas alcançadas num processo de que o mais alto expoente foram, sem dúvida, as eleições livres de 25 de Abril de 1975.

Uma voz: - Eleições livres na tua terra?

O Orador: - Um partido responsável como o nosso...

Uma voz: - Um partido de fascistas como ele, não?!

O Orador: - ... não pode ignorar a gravidade da situação nem alhear-se dela. Foi por isso que o PPD entendeu apresentar ao Sr. Presidente da República um conjunto de condições que a opinião pública conhece. Condições mínimas para permanecer com dignidade no Governo; para poder responder aos problemas do País; para se respeitar a vontade do povo.

Não foram aceites as nossas condições. Não se resolverá o problema da liberdade de informação sem garantir o cumprimento da lei, como pedíamos, e sem conceder aos partidos igual acesso na direcção da rádio, da televisão e dos jornais.

Não se aceitou que o documento-guia do MFA deveria ser revisto de acordo com as críticas que nós formulámos; não foram dadas garantias de eleições democráticas para as câmaras municipais e juntas de freguesia dentro do prazo proposto. Não se aceitaram também as medidas por nós propostas para fazer face à crise de autoridade.

Perante tal resposta, o PPD decidiu não permanecer no Governo. Mas o PPD continua disposto a prestar a sua colaboração a um Governo responsável e eficaz que queira e possa atender e resolver os reais problemas do País.

O PPD continua e continuará a sua luta:

Pelo respeito integral dos direitos do homem!

Contra os regimes neofascistas, totalitários e opressores!

Pela livre expressão da dignidade de cada cidadão!

Contra imprensas monolíticas, ensinos partidários e culturas impostas por Lisboa!

Uma voz: - Traidor!

O Orador: - Pela socialização da economia que coloque a riqueza nacional ao serviço dos trabalhadores!

Contra os privilégios, os monopólios e os latifúndios!

Pela garantia da pequena e média propriedade, conseguida pelo esforço de cada um!

Contra a exploração dos pequenos pelos grandes e pelos oportunistas!

Risos. Burburinho na Assembleia.

O Sr. Américo Duarte (UDP) (dirigindo-se à Mesa): - Está na hora!

O Orador: - Pelo respeito da vontade popular! Por eleições para as câmaras municipais e juntas de freguesia!

Contra as minorias que dominam o poder local e regional!

Pela igualdade de oportunidades e de bem-estar!

Contra as situações de injustiça e de desigualdade!

Pela solidariedade entre todos os portugueses!

Uma voz: - Todos? E os monopólios?

O Orador: - Sr. Presidente: Contra as confrontações violentas, contra todas as ditaduras! Não se pode construir nenhum socialismo contra ou sem a vontade do povo. O caminho para o socialismo tem de ser indicado pelo próprio povo.

O PPD reafirma solenemente que se baterá sempre

Pela liberdade!

Pela democracia!

Pelo fim da exploração do homem pelo homem!

Pelo socialismo humanista!

Uma voz: - Muito bem!

Apupos e aplausos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Roriz.

O Sr. Fernando Roriz (PPD): - Sr. Presidente...

O Sr. Mota Pinto (PPD): - Sr. Presidente: Quero apresentar um protesto por terem ligado o som nas bancadas do PCP e do MDP/CDE para intervenções anti-regimentais, sem a Mesa dar a palavra às pessoas que queriam intervir.

Aplausos e pateada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado ...