O Sr. Álvaro Monteiro: - Que se oponha? Não, não é.
O Sr. José Luís Nunes: - Que devia haver um texto ...
O Sr. Álvaro Monteiro: - Está a interpretar mal.
O Sr. José Luís Nunes: - Que devia haver um texto constitucional flexível, que o texto devia ser suficientemente flexível para poder admitir novos órgãos de poder popular que se fossem criando. Isto foi, salvo o devido respeito, o que o Sr. Deputado disse.
O Sr. Álvaro Monteiro: - Note. Diga lá, continue, continue.
O Sr. José Luís Nunes: - Agora a pergunta é esta: acha que se podem criar órgãos de Estado por outro processo que não seja através de uma assembleia revolucionária?
O Sr. Álvaro Monteiro: - Através de uma ...?
O Sr. José Luís Nunes: - Por outro processo que não seja através de uma assembleia representativa?
O Sr. Álvaro Monteiro: - Representativa?
O Sr. José Luís Nunes: - Representativa é isto. Uma assembleia legislativa, pronto.
Está bem?
Burburinho.
O Sr. Álvaro Monteiro: - Oiça ...
Burburinho.
...Oiça. O que eu disse, e, aliás, o que nós defendemos, é que o texto constitucional deve ser suficientemente flexível para permitir a inclusão de todas as conquistas populares, todas.
O Sr. José Luís Nunes: - Claro, as do presente ...
O Sr. Álvaro Monteiro: - Todas! Os órgãos ...
O Sr. José Luís Nunes: - ... e as do futuro?
O Sr. Álvaro Monteiro: - ... os órgãos, como disse inicialmente quando vim para aqui e me referi concretamente a órgãos de poder local.
O Sr. José Luís Nunes: - Exacto.
Portanto, as posteriores
O Sr. Álvaro Monteiro: - Mas todos os órgãos que vierem a ser criados, aqueles todos que eu enunciei. Risos.
O Sr. José Luís Nunes: - Que vierem a ser criados no futuro?
O Sr. Álvaro Monteiro: - Que vierem a ser criados no futuro?
O Sr. José Luís Nunes: - Ou só agora? É que não entendi.
O Sr. Álvaro Monteiro: - Os que forem criados agora. E aqueles que forem criados no futuro não devem ser rejeitados por esta Constituição. Nessa altura poderíamos fazer uma revisão constitucional, naturalmente.
O Sr. José Luís Nunes: - Então .. .
O Sr. Álvaro Monteiro: - Para englobar numa futura Constituição todas as legítimas conquistas do povo português. Está de acordo?
O Sr. José Luís Nunes: - Exacto. Estou mais tranquilo, ...
... porque, exactamente, esse conceito de flexibilidade ...
O Sr. Álvaro Monteiro: - Aqueles que já existem devem ser englobados neste momento.
O Sr. José Luís Nunes: - Exacto. Aqueles que já existem devem ser englobados e aqueles ...
O Sr. Álvaro Monteiro: - E as que forem ...
O Sr. José Luís Nunes: - .., que vierem no futuro, tem de se fazer uma revisão da Constituição. Portanto, não vejo para que é fazer uma Constituição flexível, se o senhor admite o direito à revisão constitucional.
O Sr. Álvaro Monteiro: - Não, não.
Esta Constituição terá de ser uma Constituição que não se oponha à criação de órgãos de poder popular, agora ou no futuro.
O Sr. José Luís Nunes: - Mas ...
O Sr. Álvaro Monteiro: - Nós estamos em revolução, meu caro senhor, e, como estamos em revolução, não podemos estabelecer normas rígidas de Constituição.
O Sr. José Luís Nunes: - Eu sei, mas...
O Sr. Álvaro Monteiro: - E a Constituição tem de ser de transição.
O Sr. José Luís Nunes: - Também. estou em revolução e adiro à revolução, simplesmente a Constituição não pode ser uma manta para tapar uma série de coisas.
Olhe! Agora uma outra pergunta que eu gostava de fazer, que era a seguinte: diz-se que existem dois grupos dominantes nesta Assembleia. Que um reconhece o papel das massas populares - o PC, o MDP e a UDP.
O Sr. Álvaro Monteiro: - Sim, senhor!