O Sr. Pedro Roseta: - Desculpe! O Sr. Deputado, tal como os Deputados dos outros partidos, têm dito que também defendem a propriedade privada.

O Sr. Álvaro Monteiro: - Desculpe ...

O Sr. Pedro Roseta: - Dá-me licença que eu tente pedir o meu esclarecimento? A nossa Constituição também é de transição, como todas são, porque é apenas para um período de três ou cinco anos. Portanto, esse argumento nada vale. É tanto de transição como a do partido do Sr. Deputado. Em segundo lugar, quero dizer-lhe que tenho ouvido - sobretudo na campanha eleitoral ouvi muito ilustres elementos do seu Partido defenderem claramente a propriedade dos pequenos meios de produção. De modo que ...

Q Sr. Álvaro Monteiro:- É verdade, é verdade.

O Sr. Pedro Roseta:-... de modo que, julgo que por aí também não vai longe. De maneira que, ou está a interpretar as nossas afirmações de má fé, ou então está nitidamente a fazer nova diferenciação, mas isso depreende-se já da segunda pergunta entre o que dizem os textos de um partido e o que dizem os textos dos outros. E devo dizer-lhe mais, em resposta, que nós, quando falamos da abolição de classes privilegiadas, entendemos também que queremos prever, ou melhor, quando falamos da abolição da exploração do homem pelo homem e da sua eliminação, queremos prever novas explorações de novas classes parasitárias que se dedicam a certos assaltos.

Em segundo lugar, queria pedir-lhe outro esclarecimento. O Sr. Deputado divide tudo em dois campos, precisamente, matematicamente, rigorosamente, divididos. De um lado, estão os bons, três partidos, cujas afinidades electivas não conheço e que deixo à afirmação de V. Ex.ª.

Mas, por outro lado, atira para o outro campo os maus os outros, que, por uma ou por outra razão, não estão de acordo com as suas posições. Ora, o Conselho da Revolução, o Sr. Presidente da República e diversos órgãos do poder constituído têm afirmado a necessidade do pluralismo. Agora pergunto-lhe: para o Sr. Deputado o pluralismo é só a distinção entre duas categorias que subjectivamente determina entre os bons por um lado e os maus por outro? O Sr. Deputado sabe por acaso o que é o maniqueísmo?

Aplausos.

O Sr. Álvaro Monteiro: - Sr. Deputado: Não se trata de bons, nem tão-pouco de maus. Trata-se, por um lado, de partidos que aceitam assembleias populares, aceitam a organização popular e aceitam a participação popular nos órgãos de poder, e, por outro, de partidos que não aceitam essa ampla participação popular, que não aceitam as assembleias, etc. O grupo em que eu incluí o PPD é, portanto, o grupo daqueles que não aceitam essa ampla participação popular na instauração do socialismo. Não se trata, portanto, de bons nem de maus.

O Sr. Pedro Roseta: - Tem graça!

O Sr. Álvaro Monteiro: - O PPD é, portanto, do grupo dos partidos que não aceitam a ampla organização das massas populares na conquista do socialismo. Não se trata de bons nem de maus, interpretou mal.

O Sr. Pedro Roseta: - Não foi isso o que eu ouvi dizer, porque, efectivamente, constantemente tenho ouvido dizer da sua bancada, e, nomeadamente, ao Sr. Deputado, que há, efectivamente, partidos que são bons e outros maus e os que são reaccionários e os que não são. Eu queria dizer que, em qualquer caso, são apreciações subjectivas e queriam acrescentar, como já foi dito, que no nosso projecto, no artigo 60.º, também se prevêem as associações de moradores e as suas tarefas específicas. O que não podemos, evidentemente, consentir é que haja organizações minoritárias que o povo português qualificou com os vulgares 3 % ou 4 % que venham depois pretender, através de actuações minoritárias, manipular as organizações paralelas, contra a vontade do mesmo povo.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos .

O Sr. Álvaro Monteiro: - Muito obrigado.

O Sr. Presidente:- Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosa Rainho.

Pausa.

Desculpe, há um Deputado do CDS que já tinha na pedido o uso da palavra.

A Sr.ª Rosa Rainho: - Prescindo.

O Sr. Sá Machado (CDS): - Queria apenas perguntar ao Sr. Deputado, em complemento da intervenção do meu colega Basílio Horta, que disse há bocado, quando lho perguntámos, que especificasse e que justificasse em que pontos concretamente o nosso programa encontra uma base para as afirmações grotescas que formula relativamente ao nosso Partido, que o Sr. Deputado diz que não estão no nosso programa, mas que estão na prática.

O Sr. Álvaro Monteiro: - Também me referi ao programa.