lismo, tendo em conta a verdadeira linha política do 25 de Abril e as conquistas alcançadas pelos trabalhadores no processo revolucionário.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: O « Documento dos Nove, não só pela alto prestígio dos seus signatários, mas também porque constitui uma peça de bom senso tão arredado nas últimos tempos da política nacional, rapidamente granjeia o apoio maciço dos Portugueses, quer a nível civil, quer a nível militar.

Parecia que iríamos finalmente ultrapassar o ponto crítico da Revolução, mas logo S. Ex.ª o Sr. Presidente da República vem apressadamente dar posse a um Governo que o Sr. General Vasco Gonçalves mal tinha podido «alinhavam em dois meses de crise difícil. No entanto, o Sr. Presidente da República não se esqueceu, curiosamente, de afirmar, no acto de posse do novo Ministério, tratar-se de um Governo provisório e de passagem.

Mas ainda nem todo o elenco governamental se havia sentado nas cadeiras do Poder e já o Sr. Primeiro-Ministro iniciava uma campanha com comunicados, comícios e programa que parece pretender transformar o provisório em definitivo à boa maneira lusitana, paradoxalmente reconhecendo, ao mesmo tempo, que o seu Ministério não dispunha das condições necessárias. a uma condução eficiente dos negócios de Estado.

Na verdade, o actual Governo, não podendo contar nem com o apoio popular, nem com o apoio dos partidos mais representativos, nem com o apoio militar, não pode, obviamente, governar.

Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Então por que esperamos?

Que a reacção se abata sobretudo sobre este país, com a perda total da Revolução, porque, em tempo útil, não houve o bom senso necessário e suficiente para a recuperação do processo revolucionário?

A hora é muito grave e pode ser dramática.

Permitam-me, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que desta tribuna, a que me trouxe a vontade expressa do povo do distrito de Aveiro, faça um apelo angustiado ao mais qualificado responsável pelos destinos deste país:

Sr. Presidente da República:

Em meu nome pessoal, certo de interpretar o desejo da maioria do povo português, apela para V. Ex.ª para que, com a legitimidade que lhe dão os órgãos superiores da Revolução e o apoio do povo português, solicite imediatamente a demissão do actual Governo e, com os partidos políticos mais representativos e os órgãos legítimos do Movimento das Forças Armadas, dê posse a um governo de salvação nacional, que definitivamente aponte o caminho para o socialismo em pluralismo político, pondo termo a toda a confusão que, neste momento, domina a política do nosso país, e devolva ao povo português a paz, a tranquilidade e a esperança na Revolução.

Tenho dito.

(O orador fez a sua intervenção na tribuna. j

Aplausos.

O Sr. Presidente:- Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Ramos.

O Sr. Manuel Ramos (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: No dia 22 de Maio do corrente ano, durante uma manifestação realizada no Porto e que reuniu na Praça da Liberdade, debaixo de chuva torrencial, alguns centos de pessoas, tive ocasião de afirmar a minha confiança no Conselho da Revolução, referindo-me a uma decisão na véspera tomada acerca do famigerado «caso República».

Com efeito, a Conselho da Revolução havia dado a conhecer, quanto ao grave problema surgido com aquele jornal, o seu propósito de fazer cumprir rigorosamente a lei em vigor.

Ora, outra coisa não pretendia eu. Outra coisa não pretendia nenhum de nós, os milhares de leitores e amigos do República.

O Conselho da Revolução empenhara a sua palavra, prometera que a lei seria cumprida - e eu, nessa manifestação no Porto efectuada, dei conta do meu agrado pela posição assumida por aquele órgão superior do Poder.

Pude então afirmar o meu pleno convencimento de que não tardaria assim que o

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador:- E, confiado na decisão (decisão ou apenas simples promessa?, como ia eu então adivinhá-lo?) do Conselho da Revolução, pude gritar a minha esperança: «Viemos aqui dizer, bem claramente, que queremos de novo na rua, apregoado pelos ardinas, livre como ele sempre procurou ser, o República - o jornal de Raul Rego. E esse dia não tardará!»

Eu acreditara na palavra do Conselho da Revolução mas, pelos vistos, erradamente o fazia ...

Aliás, dias mais tarde, nos jornais de 7 de Junho, todos nós pudemos ler um novo comunicado do Conselho da Revolução sobre o assunto. E nesse comu-