lhe render as minhas homenagens -, através dos semilegalistas e semiclandestinos (por exemplo o Partido Socialista e a Acção Democrático-Social), até aos estritamente legalistas da chamada Ala Liberal, todos empenhados, afinal, sob o ponto de vista político, na mesma alta finalidade, que era a de vencer e destruir o fascismo então reinante.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é claro que todos eles estavam absolutamente seguros e convencidos de que o processo que adoptavam e que punham em prática era, no seu entender, o que melhor e mais facilmente conduzia ao fim que visavam. Por isso, eu posso afirmar a VV. Ex.ª, sem num mínimo ápice me constranger de qualquer modo, que considero a acção desenvolvida pelo Dr. Francisco Balsemão, quer dentro da Assembleia, na Ala Liberal, quer no seu jornal Expresso, como uma das que, em determinados momentos da vida política nacional submetida ao regime fascista, causaram maiores impactos políticos e causaram maiores dissabores às pessoas que então detinham o poder.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De resto, eu lembro-me de ter ouvido, numa sessão da Ordem dos Advogados, a um oposicionista absolutamente insuspeito e digno da consideração especial de todos nós, José Magalhães Godinho, a afirmação de que ele, Sá Carneiro, era então o seu e o nosso - da aposição no Parlamento.

Francisco Balsemão pode, portanto, dizer a todos nós que não foi dos que atravessaram a salto a fronteira do 25 de Abril, porque trazia o passaporte em ordem.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Não apoiado!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em que consistia essa táctica? Em recrutar elementos pouco conhecidos para os levar, dentro dessas instituições então em vigor, a miná-las e a corroê-las, a estabelecer ali as condições necessárias para o derrubamento do sistema.

A Ala Liberal assim fez.

Podemos não estar de acordo com o processo. Podemos admitir que houvesse melhor, o que não podemos é, de nenhum modo, regatear-lhe a designação a que tem inteiro direito, de sector da oposição portuguesa ao fascismo.

Portanto, por tudo quanto acabo de vos dizer, ouso classificar de absolutamente injustos os reparos e as reservas que se possam pôr ao nome do Dr. Francisco Balsemão.

Tenho dito.

Aplausos.

O Sr. Lopes Cardoso: - Sr. Presidente: Sem querer, de forma alguma, entrar em diálogo com os Srs. Deputados que intervieram anteriormente, penso que não posso deixar passar em claro a intervenção do Sr. Deputado do CDS e deixar de o sossegar quanto aos direitos das minorias, que os representantes do Partido Socialista, na Mesa, se forem eleitos, e nesta Assembleia, respeitarão. Não só na Assembleia Constituinte, como no País, sempre o Partido Socialista se baterá para que as minorias tenham o direito de livremente se exprimirem. E cremos, embora não tenhamos procuração para falar em nome dos outros subscritores da nossa proposta, que essa é também a posição dos grupos parlamentares dos partidos que, conjuntamente connosco, subscreveram aquela proposta, e que não há da parte de nenhum dos subscritores o intuito de, através dessa Mesa, coarctar o livre direito à expressão das minorias aqui representadas nesta Assembleia. E permitam, para terminar, Srs. Deputados, que faça notar que a proposta apresentada pelos Srs. Deputados do Centro Democrático Social, ao propor, para a Mesa, uma representação igual, em termos quantitativos, para o Partido Socialista, para o Partido Popular Democrático, para o Partido Comunista e para o Centro Democrático Social, não traduz um respeito pelas minorias, traduzirá, quanto muito, um desrespeito pelas maiorias.

Aplausos.

Partido Comunista. Muito obrigado.

Aplausos.