bém Lisboa não pode demitir-se do Portugal a que pertence.

É grave, repetimos, esta «alergia» do coronel Varela Gomes. Sobretudo pelo tipo de mentalidade que define, pela perspectiva «revolucionária» que denuncia.

Está nela a marca inconfundível, do revolucionarismo delirante da ex-«5.ª Divisão», segundo o qual o País não haveria de ser uma realidade concreta, feita de um povo real distribuído entre o Minho e o Algarve, os Açores e a Madeira, mas uma ideia política laboratorial. E nessa perspectiva não haveria nunca lugar e espaço para um esforço de entendimento e aproximação: lugar onde a ideologia da ex-«5.ª Divisão» não encontrasse receptividade total passaria a ser lugar para «espirrar» - e mais nada! ...

Gravíssimo é que no Norte se fala, segundo o mesmo coronel Varela Gomes, «um dialecto que não é a nossa língua».

Nesta afirmação está claramente implícito o alarmante pressuposto de que para aquele militar, e muito provavelmente para a ex-«5.ª Divisão», a Revolução já germinou um dialecto que alguns milhões de portugueses não entendem e que, por isso mesmo, não é português, restando apenas saber se será russo ou cubano.

Temos, pois, de assentar objectivamente nesta questão: ou o Norte, que fala uma língua que não é a do coronel Varela Gomes, ou o coronel Varela Gomes, está a mais na Revolução portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

Quererá o coronel Varela Gomes que o Norte se demita de Portugal para que ele continue a dar a todo o Pais o seu contributo revolucionário sem necessidade de espirrar?

Como cidadão do Norte, que do Norte se orgulha de ser, posso evitar àquele ilustre militar o esforço de uma reflexão desse tipo. Vamos decidir nós, que somos milhões perante um: o Norte vai continuar na Revolução portuguesa, falando nela o único dialecto que à Revolução interessa, e que é o dialecto nacional. E se o Sr. Coronel não o entende, terá de ser sua a demissão da Revolução que é de todos os portugueses e nunca será exclusiva de ninguém.

Tenho dito.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Terminado o período de antes da ordem do dia, vamos entrar, portanto, no período da

e temos, para começar, uma substituição de um Sr. Deputado. O relator da respectiva Comissão faça favor.

Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal.

O Sr. Carlos Candal (PS):

Relatório e parecer

O Sr. Presidente: - A Assembleia tem qualquer objecção a pôr ao parecer que acaba de ser apresentado?

Pausa.

Considera-se o vosso silêncio como aprovação.

Estão abertas as inscrições para a discussão, na generalidade, do parecer e articulado proposto pela 3.ª Comissão - Direitos e Deveres Fundamentais (título III «Direitos e deveres económicos, sociais e culturais»), e já se encontram inscritos alguns Srs. Deputados. O primeiro é o Sr. Deputado Marcelo Curto. Tem a palavra.

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Socialista defende que o Projecto sobre os Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais é um projecto equilibrado e que pode servir de base de trabalho para a discussão nesta Assembleia.