Em segundo lugar, devo dizer que foi ele que leu a declaração em que se diz textualmente:

Acresce que algumas vezes essas formulações marxistas se mostravam sem qualquer cabimento expositivo ou programático e apresentavam alcance meramente dogmático, como é o caso do artigo 1.º do projecto apresentado, visivelmente copiado da Constituição estalinista russa (artigo 118.º).

Eu mantenho que isto é uma mentira. Eu mantenho ainda que é um exemplo típico de terrorismo ideológico do tipo das bancadas do PPD.

Uma voz: - Que engraçado!

O Orador:- Quanto à pergunta que o Sr. Deputado nos fez, eu apenas me limito a perguntar isto: Porque é que o Sr. Deputado do PPD, argumentando que tem uma interpretação própria para a expressão calasses trabalhadoras», apesar de tudo se mantém tão renitente em aceitar a e5tpressáo? Eu não pus em causa a interpretação que o Sr. Deputado dá á expressão calasses trabalhadoras». Pode tirar qualquer interpretação que quiser das expressões que fiquem na Constituição. Até pode, onde se fala em branco, ler lá preto. Isso é com o Sr. Deputado.

Agora se o Sr. Deputado admite que a expressão calasses trabalhadoras» tem a interpretação que lhe convém, a que propósito é que vem contestar a utilização da expressão, de resto já aprovada pela Constituinte no artigo 2.º da Constituição?

(O orador não reviu.)

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Freitas do Amaral.

O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Sr. Presidente: Era para prestar um esclarecimento muito breve acerca de uma referência que o Sr. Deputado fez ao CDS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Não tem nada que fazer.

O Orador:- Eu queria apenas pedir a palavra para prestar um esclarecimento, não era para pedir. Suponho que é permitido. O esclarecimento que eu queria prestar é o seguinte: é que, ao contrário do que o Sr. Deputado disse, o CDS não é, nem se considera, nem pretende ser considerado como um

partido socialista.

E a referência que o Sr. Deputado fez à expressão «socialismo, em liberdade», utilizada na nossa declaração da voto, não diz respeito manifestamente à proposta política do CDS, mas sim no contexto em que foi utilizada e que é muito claro para quem saiba ler o projecto político defendido pelos partidos que obtiveram a vitória nas eleições deste Pais.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Bom, creio que o Sr. Deputado Freitas do Amaral não deu novidade a ninguém ao dizer que o CDS não é, nem pretende ser, um partido socialista. E também creio que alguém terá ficado tranquilizado ao dizer que o socialismo em liberdade não é uma proposta do seu programa. Já sabia.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amândio de Azevedo.

O Sr. Amândio de Azevedo (PPD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ontem esta Assembleia aplaudiu vibrantemente as palavras de um Deputado que fez apelo para um clima de compreensão e de tentativa de entendimento entre todos os que se encontram nesta Sala. Infelizmente, acaba de ser hoje francamente violada essa atmosfera que se pretendeu aqui criar.

Podem, evidentemente, as pessoas estar em discordância, podem enganar-se, mas o que não parece que contribua para esse clima é que se façam afirmações que são altamente ofensivas da honra das pessoas. Por mim, considero que é ofender a honra de alguém dizer que se fez mentirosamente uma determinada afirmação.

A minha pergunta ao Sr. Deputado Vital Moreira é a seguinte: Quais são as razões em que se apoia para afirmar, independentemente de ser exacta ou não ser exacta a afirmação da declaração de vencido de voto do PPD, que essa declaração, no caso de não corresponder à verdade, o que me parece que não é líquido, foi feita deliberadamente com a consciência de que se estava a faltar à verdade. Eu creio que ao fazerem-se estas afirmações sem esse fundamento é que se está a incidir efectivamente no tal terrorismo a que o Sr. Deputado há pouco fez referência.

(O orador não reviu.)